terça-feira, 27 de março de 2012

Carlos Nejar, poeta (Minha ciência, o universo -- fragmento 2)

Sou um homem
e uma pedra, um campo
tenso, uma montanha
de antúrios, uma paina
de angústias sobraçadas.


Já me ergui
dos dias, das semanas
como se o mar saísse
por detrás
de seus receios.


Sou homem
e uma fera castigada
de noites e açoites.


Amei, amante. E como
persistir amando antes
até o eterno amor, o eterno ontem,
e ser capaz de transmontar
o sol e o instante?


Servi, abdiquei, servi de novo.
Regressa um povo
como um relvado em mim
sem qualquer toldo.


E minha sede
é não secar de sede
e me exaurir de ver.

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