quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

MIGUEL GULLANDER,em Perdido de volta (5)

"...O homem que diz que Deus é tanto a vítima como a faca e o assassino.
E que, nessa dinâmica, Deus diverte-se. Porque o sofrimento é o engenho, a força motriz deste universo, deste filme. Para haver alívio é preciso tensão, e para haver gozo é preciso haver confilto. na paz não há gargalhadas. Esta enorme gargalhada de Deus.
"Deus está a rir" diz, enquanto eu olho o rosto de lepra destes pedintes e peço informações, e eles respondem com uma mão para esmola, enquanto eu procuro pelas ruas, entre os tubos de esgoto, onde se mata para se ter uma casa. Deus está a rir.
Rir de ti.
"A essência desta realidade é a dança do conflito, é conflito, é carência" diz ele. Nada há que seja suficiente para todos. A eterna e universal Fome -- a carência de comida, de Justiça, de Amor, e muito especialmente, de Tempo. Pode-se redimir quase tudo com o dinheiro, que finge comprar quase tudo, comida, justiça e -- ah! o amor -- o dinheiro que compra tudo, menos o Tempo.".

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