sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Heiner Muller, Imagens

Imagens são tudo no inicio. São sustentáveis. Espaçosas.
Mas os sonhos se solidificam, viram forma e desilusão.
Já o céu não consegue suster nenhuma imagem. A nuvem, do
Avião
Acabou: vapor que tolhe a vista. O grou, só mais uma ave.
O próprio comunismo, a imagem final, continuamente polida
Pois é lavada com sangue, sempre e sempre, pelo cotidiano
É pago, em miúdas moedas, sem brilho, cegas de tanto suor
Escombros os grandes poemas, qual corpos, por muito tempo amados e
Fora de uso agora, no caminho da sempre carente
Finita espécie
Nas entrelinhas, lamurias


Sobre ossos, o carregador da pedra, feliz

Pois o belo significa o possível fim dos horrores

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