quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Fernando Rendón, EM TORNO À ESCRITURA

O raio escrev com rigor iluminado e cortante.
O relâmpago é um morse.
A chuva escreve na superfície dos muros.
O vento sobre as dunas no deserto.
O sol escreve nos semblantes.
O rio, sobre os penhascos.
Os fósseis estão gravados na face
                   da pedra antiga.
O caracol imprime um fio de luz sobre
                   a areia.
O pássaro carpinteiro bica um idioma cuneiforme.
Ainda que lento, o povo escreve a história.
A vaidade escreve com fumo e cinzas.
Os poetas são os leitores do universo.

Nem tampouco o fogo dos carnavais
é o da metralha.

O poder de fogo da poesia, o fogo
para romper o cerco das feras.

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