segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Paul Celan, Elogio da distância

Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores dos mares errantes.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre sua promessa.

Aqui lanço,
um coração que habitava entre os homens,
minhas vestes e o brilho dum voto:

mais preto no preto, estou mais nu.
Apenas na renegação me torno fiel.
Eu sou tu quando sou eu.

Na fonte dos teus olhos
estou à deriva e sonho com rapto.

Um fio fisgou um fio:
separados num enlace.

Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula a corda.

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