quinta-feira, 14 de junho de 2012

Eliseo Diego, O MONUMENTO

Por entre as avenidas
da chuva, já perdidos

os motivos mais belos
do ar, estão as querelas

tardias entre as palmas
e as sinistras calmas

do vasto peito gris,
que abrumam o país

desses canteiros tristes.
Um pobre estranho insiste

contra as águas. É pardo
o seu traje; galhardo,

ele aguenta as temíveis
rajadas impassíveis.

Suaves as alamedas,
ferventes de moedas

lívidas, em cerradas
filas fogem caladas.

Ele é, no ruinoso
parque final, curioso

de sempre, vigilante
da poeira e passeante,

qual um mestre, do ano.
Nos alivia os danos

do tédio, do encanecido
tédio, o misterioso

traje pardo. O frio
estrangeiro, sombrio,

açula o seu furor
mas o estranho senhor

não se move, sincero.
de bronze, verdadeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário