terça-feira, 5 de junho de 2012

Cézanne, modulação 2

Com sua concepção analógica da cor e da música, Cézanne não constituía uma exceção no final do século XIX. A correspondência entre música e pintura era uma das maiores convicções dos simbolistas e culminava na arte abstrata então em voga, em que a livre disposição da cor -- à semelhança da música -- seja ela construtiva ou com movimernto rítmico, era sentida como uma nova liberdade da criação artística. Mallarmé tinha infirngido as regras da poesia, abolindo a pontuação, o uso de tipos diferentes e de palavras colocadas com uma disposição rítmica livre que, como uma sensação musical, penetram nas camadas profundas da consciência humana, sem nunca poderem ser captadas de uma forma inteiramente racional. Não se conhecem relações estreitas entre Cézanne e o círculo de poetas simbolistas, embora ele deva ter conhecido Mallarmé e Huysmans, quando era convidado por Monet, em Giverny,. Seja como for, existe um parentesco espiritual entre Cézanne e o simbolismo literário, que deixou vestígios na sua obra.

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