terça-feira, 28 de junho de 2011

JORGE MEDAUAR, poeta

"AS ÁGUAS


As águas que viste são os povos,
e as nações e as línguas

Apocalipse



Vejo-as: são águas verdes e profundas
de um mar imenso e indevassável. Vejo-as
depois escurecendo sob a noite
e ouço-lhes o gemido dos rochedos.

Sobre o impassível líquido, soturno
dorso do mar que ao longe se retorce
outras águas em vão, de chuva doce,
como inútil consolo se despejam.

Dentro da noite inteiramente escura
as águas se misturam, confabulam
para a revolta em líquida linguagem.

Ai de vós, ai de vós margens e diques,
arrecifes, limites e rochedos
se as águas de manhã vos atacarem.".

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