quarta-feira, 29 de junho de 2011

JOAQUIM CARDOZO, poeta

"CINEMATÓGRAFO


E assim vos digo:


Foi no engenho Araçu que encontrei o Persinunga:


Colhi a rapidez das suas correntezas,
Apanhei todas as cotas do fundo do seu leito,
Detive o volume de suas águas cor de mel,
Liguei, amarrei muito bem as suas margens cobertas de ingazeiras.
Dentro da minha caderneta de campo
Que tenho ali guardada naquela escrivaninha.


Em tardes de verão, quando me regresso nas lembranças.
Faço correr o persinhnga. Liberto suas águas morenas,
E me contemplo nelas. Contemplo as esperanças de longe
Na paisagem de outros tempos;
E, molhada nessas águas-imagens, impercebida e rastejante,
Uma insinuação de presenças invencíveis se propaga.".

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