segunda-feira, 27 de junho de 2011

DOMINGOS CARVALHO DA SILVA, poeta

"A ROSA IRREVELADA

Correi o mundo e procurai palavras novas para um poema.
Dos aoceanos trazei nomes de peixes e remotas ilhas,
tranças de virgens, seios afogados,
pálpebras mortas, decepados sonhos,
mas
antes de tudo palavras para um poema.

Caminhai nas trevas em busca de uma rosa.
Colhei nos cardos a flor menosprezada.
Buscai no mar os liquens, as esponjas,
trazei convosco pérolas,
peixes negros e plantas submarinas.

Trazei a náufraga de olhos devorados
por gaivotas. A náufraga de seios como luas
entre ciprestes de algas. A náfraga
de coxas como praias
onde o desejo espuma e desfalece.

Não procureis anelos e ternura
nem um pássaro de canto engaiolado.
Quero-vos noite escura, corpo escuro
de mulher em silêncio, rosa inviolável.

Trazei da noite palavras para um poema.
A irrevelada morte para um poema.".

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