terça-feira, 23 de setembro de 2014

Bruno Giorgi sobre Carrara e a solidão

Acredite, min ha vida foi um constante processo de isolamento: nada e ninguém solicitava-me o interesse de outrora, até a escultura ia se marginalizando e tomei gosto ao silêncio. A solidão é perigosa pois a gente vai gostando dela cada vez mais. Porém uma série de acontecimentos levou-me a Carrara e mais uma vez foi o trabalho a me acordar. Tomei-me de paixão para o mármore que de todos os materiais é o mais nobre. Nele realizo formas cada vez mais simples onde a luz desliza sobre largas superfícies para se confundir com as sombras que vibram do seu reflexo. Se amiúde lhe falo de minha casa é porque nela haverá aconchego e espaço e mármore.

É uma coisa um pouco sentimental, porque há muitos anos não faço isso. Mas, em Carrara, sonhei com uma bela mulher, na praia, toda branca. De mármore, naturalmente, porque em Carrara só se sonha com mármore. Fiquei impressionado com essa figura, porque estava com aquele fundo azul do mar, num espetáculo muito bonito. Quando acordei, lembrei perfeitamente do que vira e fiz um desenho. Depois uma maqueta.

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