domingo, 13 de abril de 2014

Joaquim Nabuco, sobre as identidades nacionais

Não se pode dizer desse país (Estados Unidos) que tenha um ideal. É o país prático por excelência, e que tem a admirável qualidade de, bem ou mal, governar-se a si mesmo. Não lhe falta manhood, mas tudo nele preenche um fim material. O americano é, acima de tudo, um homem positivo, em cuja vida a metafísica tem pequena parte; reconhece a cada instante que a vida é um business, que é preciso um lastro para não afundar nela; põe a arte, a ciência, a cultura, a polity, depois do que é essencial, isto é, do dólar, indo sempre ahead como a locomotiva, tratando a mulher com o maior respeito, mas na vida prática como uma obstruction, por isso entregando-a a ela mesma, ambicionando, acima de tudo, a riqueza de um grande operator de Wall Street, depois a influência de um boss, insensível à inveja, à má vontade, ao comentário, a tudo o que em outros países emaranha, complica e, às vezes, inutiliza grandes carreiras; nunca procurando o prazer para si, dando-se aos hóspedes em sua casa, como se dão brinquedos às crianças, superior às contrariedades, sóbrio de dor, calmo na morte dos seus, e tratando a própria apenas como uma questão de seguro.

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