quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Tomas Tranströmer, MADRIGAL

Herdei uma floresta densa onde raramente ponho os pés. Mas lá chegará o dia em que os defuntos e os viventes troquem de lugares. É então que a floresta se põe em movimento. Não perdemos ainda toda a esperança. Os maiores crimes continuam por desvendar, malgrado o esforço de tantos polícias. Do mesmo modo, algures nas nossas vidas, há um grande amor por revelar. Herdei uma floresta densa, mas hoje entro numa outra, plena de claridade. Tudo o que vive, canta, serpenteia, abana, rasteja! É primavera, e o ar que respiramos é fortíssimo. tenho um exame da universidade do olvido, e as mãos tão vazias como a camisa pendurada na corda de secar roupa.

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