segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Semiôn Kirsánov, A CASA VAZIA

Ó casa vazia
em que mora o medo,


onde as portas rangem
como as feras na estepe,


onde a mesa espreita
do chão, angustiada,


onde se escondem, nos cantos,
sombras monstruosas...


Ó casa vazia,
casa de duplo fundo --


lembranças do passado,
quartos vazios --


riso, amor; palavras,
velas e encontros...


Que paredes brancas!
onde estão as nossas


sombras do passado?
onde se escondem o riso


e os gritos de dor?
Sob o assoalho?


Ó casa vazia,
sem uma viva alma.


Nada em seu vazio,
nada, a não ser


palavras ocas, raivosas,
olhares amortecidos,
e dois estranhos -- nós dois.

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