segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Leoníd Martýnov, A PEDRA PRECIOSA

Achei
Na quietude do campo,
lá onde os rios Istrá e Moská se encontram,
uma pedra com a forma de uma cabeça:
homem ou mulher, touro ou vaca.


Não acredito
num jogo de forças naturais
que pudesse produzir face tão forte,
uma pedra antiga tão enorme
que as águas não conseguiam fluir em torno dela.


Tinha de ser
um escultor primitivo que,
ao tocar a pedra com seu cinzel,
fundira numa só imagem
o seu próprio rosto e o da Natureza.


Ou talvez,
por remotos caminhos, tenha vindo
um artista grego que, a essa pedra antiga,
emprestou tanto os traços de Europa
quanto os do touro que a raptou.


Ou então,
sem nada saber de Zeus,
foi um eslavo, um selvagem sem arte alguma,
quem criou essa cabeça de donzela-vaca
a que se mistura a face de um touro-rapaz.


Em suma,
arranquei a pedra da lama em que se enterrava,
fiz enorme esforço para carregá-la em meus ombros,´pois não queria que tal beleza ali ficasse
por mais cem anos escondida.

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