terça-feira, 18 de março de 2014

Schopenhauer, contra o excesso de leitura

O excesso de leitura priva a mente de toda a elasticidade, assim como a contínua pressão de um peso afrouxa uma mola. A maneira mais segura de jamais ter sequer um pensamento próprio é apanhar um livro toda vez que se tem um tempo livre. A prática desse hábito é a razão por que a erudição torna a maioria dos homens mais enfadonhos e tolos do que são por natureza, e priva os seus escritos de toda efetividade. Nas palavras de Pope, eles estão "para sempre lendo, jamais sendo lidos". (...) O homem que pensa por si mesmo busca as opiniões de autoridades só depois de ter adquirido suas próprias opiniões e meramente como confirmação delas, ao passo que o filósofo livresco começa com as autoridades e constrói suas opiniões coletando as opiniões dos outros: sua mente está para a do primeiro assim como um autômato está para um homem vivo. Uma verdade que foi apenas aprendida adere a nós somente como um membro artificial, um dente falso, um nariz de cera ou, no máximo, uma pele transplantada. mas uma verdade conquistada pelo próprio pensamento é como um membro natural: só ela nos pertence. Isso define a diferença entre um pensador e um scholar.

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