domingo, 5 de maio de 2013

Heinrich Heine, opinião de Ludwig Börne

Heine é um artista, um poeta, e para seu mais amplo reconhecimento só lhe falta o seu próprio. Porque deseja frequentemente ser ainda outra coisa além de poeta, ele perde-se com frequência. Quem como ele considera a forma o mais elevado, terá de ficar somente com ela, quando voa no ilimitado, e a areia o engole. Quem adora a arte como sua divindade e também dirige preces, ao seu bel-prazer, à natureza, ultraja tanto a arte quanto a natureza. Heine suplica à natureza o seu néctar e pólen, e constroí com a plástica cera da arte a sua colmeia. Mas ele não a molda para conservar o mel, ele só armazena o mel para encher a colmeia. Por isso não comove quando chora; pois sabemos que com as lágrimas ele apenas rega as maçãs do próprio rosto. Por isso não convence quando diz a verdade; porque sabemos que só ama a beleza da verdade. Mas a verdade nem sempre é bela, e ela não o é para sempre. Demora até que floresça, e precisa fenecer até que traga os seus frutos.

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