quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Juana de Ibarbourou, poeta uruguaia -- A NOITE

A fábula do dia
Termina na garganta da tarde
Detúnica roxa. Somente arde
A última palavra desmedida,
A do amor que não se acaba nunca,
Final mentira.

A noite, besta triste.

Chega insone e calada.
Nem um anjo a acompanha,
Nem a esperança sabe a sua medida.
Quando a luz retorna
E a aljôfar adoça as graminhas
Da aurora, sempre desesperada,
Se enforca no cipreste da manhã.

A noite, besta ávida.

E de sua morte se alça o novo dia
Fatigado de dores e enganos.


(Tradução: Thiago de Mello).

Nenhum comentário:

Postar um comentário