domingo, 28 de novembro de 2010

Desculpe, Cecília.

Desculpe, Cecília. Não consigo ver a natureza com olhos de poesia, não consigo me fixar em abelhas, flores, passarinhos, em quitanda, em verduras, em aventais e fogão a lenha, tudo isso me causa estranheza, fui criado na praia, água e sol, curtiram esse cara que sou. Não consigo falar de verdes -- gosto de azuis --, caules e percevejos são meio que estranhos num ninho pouco sutil de prédios e ruas ainda vazias àquela época, com poesia. Desculpe, Cecília, apesar disso, muito admirei seu poema "Verdes Reinos Encantados", tanto que o postei no blog. Rimas lindas, alta poesia, emoldurando nossa agitada vida de presos sem algemas numa cidade extremamente violenta, desalmada, diria. Como Quintana -- sou criança, mas uma criança rebelde que talvez um dia consiga ver a beleza da flor sendo gerada, da cor sendo maturada em sombra e água, da dor sendo aplacada pelo simples gesto de um regador nas mãos certas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário