domingo, 30 de setembro de 2012

Francisco de Vasconcelos, A UM ROUXINOL CANTANDO

Ramalhete animado, flor do vento,
   Que alegremente teus ciúmes choras,
   Tu cantando teu mal, teu mal melhoras,
   Eu chorando meu mal, meu mal aumento.
Eu digo minha dor ao sofrimento,
   Tu cantas teu pesar, a quem namoras,
   Tu esperas o bem todas as horas,
   Eu temo qualquer mal todo o momento.
Ambos agora estamos padecendo
   Por decreto cruel do Deus menino;
   Mas eu padeço mais, só porque entendo.
Que é tão duro, e cruel o meu destino,
   Que tu choras o mal, que estás sofrendo,
   Eu choro o mal, que sofro, e que imagino.

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