quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Antônio Barbosa Bacelar, A UMA AUSÊNCIA

Sinto-me sem sentir todo abrasado
No rigoroso fogo, que me alente,
O mal, que me consome, me sustenta,
O bem, que me entretém, me dá cuidado;

Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo, se me ausenta,
E o que estou sem ver, mais me atormenta,
Alegro-me de ver-me atormentado;

Choro no mesmo ponto, em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou mais certo;

Mas se confiado desconfio,
É porque entre receios da mudança
Ando perdido em mim, como em deserto.



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