quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Comandante

Um comandante da Marinha Mercante era meu avô. Com dois filhos ensinou o valor de uma mulher, que solitária era minha avó. Alfredo saía para no mar ganhar a vida. Deixava sozinhos três sonhos de família. Tinha a certeza da precisão, certeza de capitão...os filhos junto a mãe eram uma multidão de batalhas perdidas, muitas, poucas ganhas, na incerteza de diversas despedidas. Ardidas as lágrimas forjaram seus corações e todo dia, afirmo, rezavam pelo reencontro com as ordens do pai severo mas amoroso. Capitão de ilusões marítimas, tino de artista, sofria com a saudade que guardou até se aposentar aos quarenta e cinco anos. Como prova criou netos como filhos e viveu feliz até os noventa e dois anos, navegando pelos sorrisos dos meninos que somos.
(E ele sempre dizia:"navegar não é preciso e viver é impreciso").

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