quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Desculpe, Cecília.


Desculpe, Cecília. Não consigo ver a natureza com olhos de poesia, não consigo me fixar em abelhas, flores, passarinhos, em quitanda, em verduras, em aventais e fogão a lenha, tudo isso me causa estranheza. Fui criado na praia, água e sol, curtiram esse cara que sou. Não consigo falar de verdes -- gosto de azuis --, caules e percevejos são meio que estranhos num ninho pouco sutil de prédios e ruas ainda vazias àquela época de poesia. Desculpe, Cecília! Apesar disso, muito admirei seu poema, tanto que o postei no blog. Rimas lindas, alta poesia, emoldurando nossa agitada vida de presos sem algemas numa cidade extremamente violenta, desalmada, diria. Como Quintana -- sou criança, mas uma criança rebelde que talvez um dia consiga ver a beleza da flor sendo gerada, da cor sendo maturada em sombra e água, da dor sendo aplacada pelo simples gesto de um regador nas mãos certas.

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