terça-feira, 15 de março de 2016

Fome democrática



Hoje está difícil acreditar
Em algo que não seja
A força da natureza
Naturalmente
Como animais que pensamos e inventamos
Não gostamos de admitir que há algo maior do que a nossa criatividade
Tão alimentada e criticada num moto contínuo entre
Admiração (própria) e desconhecimento (alheio)
Mas querendo ou não
É a natureza que nos comanda e hoje
Ela provavelmente chora
Por estarmos nos matando
De sede de raiva de fome
Fome democrática
Não temos ainda um país
Temos párias disputando o resto de comida
Que alguns escolhidos escolheram
Que devemos engolir
E engolindo seguimos
Querendo fazer de sapos príncipes
De míopes líderes
De juízes salvadores da pátria
Achando que não temos nada a ver com o precipício
Que cavamos quando nos entregamos à simples volúpia
De sermos nós mesmos do nosso jeito
Sofisticadamente ignorantes
Culturalmente vesgos
Alopaticamente perdidos
Enfim
Civicamente cínicos





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