quinta-feira, 20 de novembro de 2014

365 dias com poesia -- 20 de novembro de 2014, vazio



vazio

A Fiódor Dostoiévski


(Depois da retirada da vesícula...)

Tive medo de morrer?
Tive mas acho que foi mais por sentir a possibilidade do desperdício
Porque afinal de contas
Depois de fechar os olhos durante a anestesia
Só voltei a saber que estava vivo porque estava vivo
A sensação do nada logo após o anestésico
Seria o nada eterno
Não haveria mais
Dor amor calor flor
Perderia tudo e todos
E foi esse vazio que me veio e que depois chamei de medo de morrer
(Por isso digo: não espere nada nem ninguém, faça o que você espera de você)

Nenhum comentário:

Postar um comentário