sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OFICINA POÉTICA

Hoje me perguntaram se não gostaria de ensinar outras pessoas a escrever. Respondi que isso seria impossível, primeiro porque acho que não conseguiria; depois, porque penso que as pessoas não gostariam do jeito que tentaria passar o que aprendi na prática.

E explico: primeiro acho que as palavras têm importância relativa no processo; sem elas não há escrita, por óbvio, mas só com elas, na maioria das vezes, também não há escrita, porque não há comunicação. Me refiro a escrever dando mais importância a intenção do que aquilo que está propriamente escrito, não sei se me explico, mas é isso. Pelo menos na minha poesia funciona, acredito! O poema transforma as letras em sensações, que depois de sentidas fazem com que o leitor se esqueça das palavras mas guarde o que sentiu do que foi dito!

A segunda dificuldade seria fazer com que as pessoas, não obstante utilizassem as regras gramaticais, não se escondessem nelas! Processo inverso do que escrevi acima, ou seja, o escritor vai pensar o conteúdo do poema sem se prender às regras para só depois adequar ao vernáculo aquilo que efetivamente quer escrever. Esse controle é que demonstra o calibre da arma do dito- cujo (sem trocadilhos, por favor!).

A terceira e última, para não me alongar, é escrever sem pudor. Essa é a mais difícil de todas, pois quem -- num mundo globalizado, em que todos querem ter as mesmas tatuagens, as mesmas gírias e fazer parte da "tchurma" --, quem terá coragem de ligar o foda-se e escrever como se fosse morrer dali a poucas horas?!


Abraços, Marco.


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