Tomei-a. Porque me disseram que, entre
outras coisas, tal como fazer mulheres darem à luz o fruto que
corresponde ao homem com quem se deitam -- a barbidjáka é o remédio para
os viajantes: e eu quis e pedi para ver aquilo, a esfera cromada dos
sonhos. Aquilo que, sob as imagens, não foi gravado, marcado, queimado,
tatuado, rasgado, em sulco, dentro e entre os ficheiros, os tubos de
carne do meu cérebro.
Claramente a nossa cabeça é um
simulacro, uma fabricação, uma condensação em aço, com sangue de
mercúrio sujo -- algo construído e programado numa indústria longínqua.
Algo que foi precipitado, em colapso, neste plano de existência.
E,
com o mar ao longe, percebo que no início havia as águas, e sobre elas o
espírito, fecundador, que pairava -- e do seu encontro, na brisa que é
espuma, e as ondas que são o vento, o oceano sabe sonhar -- as miragens,
todas as imagens, memórias, todas as glórias, desonras, ódios, amores,
detalhes sádicos, ternuras e todas as possíveis combinações,
indefinidamente, que num momento flutuam informes e logo ganham corpo
como tubarões virtuais num sopro de silêncio -- águas primordiais cm um
arco-íris bailando na superfície das inexistentes ondas. Pois as ondas,
essas também, são imaginárias, são uma melodia fantasiada -- mas os seus
reflexos são o próprio holocausto, um beijo, uma mão, uma evasão...".
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