Os
elementos místicos da alma humana não estão sujeitos ao tempo. Colocado
no tempo, o homem tende continuamente a abstraí-lo. A grande ideia da
abstração do tempo ainda não chegou a ser organizada ou sistematizada
pelo homem, mas é fora de dúvida que ele sofre inconscientemente a
pressão da ideia. Na vida diária colhem-se a todo momento exemplos
disto, a começar pela pitoresca e fortíssima expressão popular matar o tempo. Todo
o mundo quer se liberar do tempo. Nós estamos sujeitos ao tempo e
contra o tempo. A própria música, uma arte que se desenvolve no tempo, é
ouvida por quase toda gente com a finalidade expressa de arrancar o
homem do tempo. Joseph de Maistre diz que a própria ideia da felicidade
eterna, junta à do tempo, fatiga e espanta o homem. Eis por que o
Apocalipse nos revela que, no fim de tudo, um anjo gritará:"Não haverá
mais tempo!" Muitos homens julgam que a ideia de eternidade reside num
plano de mito, de ficção, ou que a eternidade é a vida de além-túmulo.
Entretanto a vida eterna começa neste mundo mesmo: o homem que distingue
o espírito da matéria, a necessidade de liberdade, o bem do mal, e que
aceita a revelação de Cristo como solução para o enigma da vida, este
homem já incorpora elementos eternos ao patrimônio que lhe foi trazido
pelo tempo.".
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