quarta-feira, 3 de abril de 2013

Paul Auster, MATRIZ E SONHO

Matriz e sonho

Coisas inaudíveis, consumidas
toda noite:
alento, subterrâneo
pelo inverno: palavras-poços
descendo a luz mineirada
de riacho acalanto
e abismo.

Passas.
Entre medo e memória,
a ágata
de teu passo gera
rubro
na poeira da infância.

Sede: e coma: e folha --
das frestas
do já insabido: a mensagem anônima,
enterrada em meu corpo.

O alvo lençol
pendurado na corda. A artemísia
esmagada
no campo.

O cheiro de menta
dos escombros.


Tradução: Caetano Galindo.

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