DEZ (Poema do livro AERONAUTA)
Ai daquele que é chegado
e que não chega...
Por mais que aqui me equilibre,
e vos faça companhia,
tudo são queixas
de que me sentis tão livre
como alguém cuja morada
é além do dia.
Provo do vosso alimento,
retorno as humanas vestes.
Já nem suspiro
por esses rumos celestes,
jardim do meu pensamento.
Quase não vivo,
por ficar ao vosso lado.
E acusais-me de ir tão alto!
Ai, que nomes têm as coisas!
Que nomes tendes?
São vossas fontes copiosas,
mas outras são minhas sedes.
E assim me vedes
como estranho que se esquece
dos seus parentes
e que em si desaparece.
Do que pedis que me lembre,
disso me esqueço.
Mas o que recordo sempre
é o vosso nome profundo.
Esse é que tenho
só, comigo, além do mundo
e reconheço.
E, esse, mal sabeis que seja...
Nenhum comentário:
Postar um comentário