Perguntas para Tetê
À memória de Carlos Frederico, Fred, Fedo, Fernandes, Fê ou Tetê
Você era feliz?
Veio para nos dar felicidade
Mas deixou saudade, sabia?
Sabe que seus amigos choram
Ao ouvir seu nome?
Todos se emocionam quando descrevo
A história do porquê passei a escrever
Vê seus sobrinhos crescendo?
Sente o amor que temos?
Vê que apesar de sofrermos
Continuamos a lutar pelos nossos sonhos?
Necessita de algo?
Sente saudade da mãe, do pai
Dos irmãos, do corpo
Santo menino, homem e filho!
(Poema do livro DECLAMADOR DE SONHOS, de 2010)
Poesia, música e pensamentos, muitos pensamentos ao vento, pensamentos em movimento...
terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
365 dias com poesia, 29 de abril de 2013 -- CEREJEIRAS EM FLOR
CEREJEIRAS EM FLOR
A Doris Dorrie
Produtos de uma geração em conflito
Egoísta
Preocupada com o seu mundo
Seu sistema
Seus umbigos
Três filhos
Esqueceram-se de aprender o amor
Que não reconheceram
Nos olhos da mãe
Que os criara
Lambidos
Do pai herdaram o valor do trabalho
Sem o conflito da existência
Que negava(m)
Esqueceram-se de que envelheceriam
Pior
Riam das esquisitices dos pais
Sem se dar conta do amor
Ali embutido
Amor
Que estava indo embora
Que deixaram ir embora
De suas vidas
Aflitas e pequeninas de filhos
Sem moral
Sem o mínimo de valor
Protetor mineral
Filhos na flor da idade
Que se esqueceram
Que todo ano
As cerejeiras morrem para dar flor...
A Doris Dorrie
Produtos de uma geração em conflito
Egoísta
Preocupada com o seu mundo
Seu sistema
Seus umbigos
Três filhos
Esqueceram-se de aprender o amor
Que não reconheceram
Nos olhos da mãe
Que os criara
Lambidos
Do pai herdaram o valor do trabalho
Sem o conflito da existência
Que negava(m)
Esqueceram-se de que envelheceriam
Pior
Riam das esquisitices dos pais
Sem se dar conta do amor
Ali embutido
Amor
Que estava indo embora
Que deixaram ir embora
De suas vidas
Aflitas e pequeninas de filhos
Sem moral
Sem o mínimo de valor
Protetor mineral
Filhos na flor da idade
Que se esqueceram
Que todo ano
As cerejeiras morrem para dar flor...
domingo, 28 de abril de 2013
Cecília Meirels, TAJ-MAHAL
TAJ-MAHAL
Somos todos fantasmas
evaporados entre água e frondes,
com o luar e o zumbido do silêncio,
a música dos insetos,
gaze tensa na solidão.
De vez em quando, uma borbulha d'água:
pérola desabrochada,
súbito jasmim de cristal aos nossos pés.
Fantasmas de magnólias, as cúpulas brancas,
orvalhadas de estrelas, na friagem noturna.
Tudo como através de lágrimas,
com as bordas franjadas de antiguidade,
de indecisos limites,
e um vago aroma vegetal, logo esquecido.
Tudo celeste, inumano, intocável,
subtraindo-se ao olhar, às mãos:
fuga das rendas de alabastro e dos jardins minerais,
com lírios de turquesa e calcedônia
pelas paredes;
fuga das escadas pelos subterrâneos.
E os pés naufragando em sombra.
Eis o sono da rainha adorada:
longo sono sob mil arcos, de eco em eco.
(Fuga das vozes, livres de lábios, independentes,
continuando-se...)
Vêm morrer castamente os bogaris sobre os túmulos.
Movem-se apenas sedas, xales de lã,
alvuras: como sem corpo nenhum.
Tudo mais está imóvel, estático:
mesmo o rio, essa vencida espada d'água:
mesmo o lago, esse rosto dormente.
Entre a morte e a eternidade, o amor,
essa memória para sempre.
Foi uma borbulha d'água que ouvimos?
Uma flor que desabrochou?
Uma lágrima na sombra da noite,
em algum lugar?
Somos todos fantasmas
evaporados entre água e frondes,
com o luar e o zumbido do silêncio,
a música dos insetos,
gaze tensa na solidão.
De vez em quando, uma borbulha d'água:
pérola desabrochada,
súbito jasmim de cristal aos nossos pés.
Fantasmas de magnólias, as cúpulas brancas,
orvalhadas de estrelas, na friagem noturna.
Tudo como através de lágrimas,
com as bordas franjadas de antiguidade,
de indecisos limites,
e um vago aroma vegetal, logo esquecido.
Tudo celeste, inumano, intocável,
subtraindo-se ao olhar, às mãos:
fuga das rendas de alabastro e dos jardins minerais,
com lírios de turquesa e calcedônia
pelas paredes;
fuga das escadas pelos subterrâneos.
E os pés naufragando em sombra.
Eis o sono da rainha adorada:
longo sono sob mil arcos, de eco em eco.
(Fuga das vozes, livres de lábios, independentes,
continuando-se...)
Vêm morrer castamente os bogaris sobre os túmulos.
Movem-se apenas sedas, xales de lã,
alvuras: como sem corpo nenhum.
Tudo mais está imóvel, estático:
mesmo o rio, essa vencida espada d'água:
mesmo o lago, esse rosto dormente.
Entre a morte e a eternidade, o amor,
essa memória para sempre.
Foi uma borbulha d'água que ouvimos?
Uma flor que desabrochou?
Uma lágrima na sombra da noite,
em algum lugar?
365 dias com poesia, 28 de abril de 2013 -- Lago do cisne
Lago do cisne
A Maya Plisetskaya
Não há cisne no lago
Há o espaço sendo subvertido
Há a beleza invertida
Há o silêncio espremido
Há um senso de momento sentido
Há um tenso instante severo de conclusão
Há solidão
A Maya Plisetskaya
Não há cisne no lago
Há o espaço sendo subvertido
Há a beleza invertida
Há o silêncio espremido
Há um senso de momento sentido
Há um tenso instante severo de conclusão
Há solidão
sábado, 27 de abril de 2013
Cecília Meireles, poema 36 do livro METAL ROSICLER
36
Não temos bens, não temos terra
e não vemos nenhum parente.
Os amigos já estão na morte
e o resto é incerto e indiferente.
Entre vozes contraditórias,
chama-se Deus onipotente:
Deus respondia, no passado,
mas não responde, no presente.
Por que esperança ou que cegueira
damos um passo para frente?
Desarmados de corpo e alma,
vivendo do que a dor consente,
sonhamos falar -- não falamos;
sonhamos sentir -- ninguém sente;
sonhamos viver -- mas o mundo
desaba inopinadamente.
E marchamos sobre o horizonte:
cinzas no oriente e no ocidente;
e nem chegada nem retorno
para a imensa turba inconsciente.
A vida apenas à nossa alma
brada este aviso imenso e urgente?
Sonhamos ser. Mas ai, quem somos,
entre esta alucinada gente?
Não temos bens, não temos terra
e não vemos nenhum parente.
Os amigos já estão na morte
e o resto é incerto e indiferente.
Entre vozes contraditórias,
chama-se Deus onipotente:
Deus respondia, no passado,
mas não responde, no presente.
Por que esperança ou que cegueira
damos um passo para frente?
Desarmados de corpo e alma,
vivendo do que a dor consente,
sonhamos falar -- não falamos;
sonhamos sentir -- ninguém sente;
sonhamos viver -- mas o mundo
desaba inopinadamente.
E marchamos sobre o horizonte:
cinzas no oriente e no ocidente;
e nem chegada nem retorno
para a imensa turba inconsciente.
A vida apenas à nossa alma
brada este aviso imenso e urgente?
Sonhamos ser. Mas ai, quem somos,
entre esta alucinada gente?
365 dias com poesia, 27 de abril de 2013 -- Onda surda
Onda surda
A Sharbat Gula
Em olhos de criança afegã
A esperança existia
Era(m) verde(s)
Como deve ser
Sempre
Alguns anos depois
Eram olhos de outra criatura
Olhos de amargura
Amargura da vida
Que balança, machuca
E nada alivia
Onda surda no deserto de nossas retinas
A Sharbat Gula
Em olhos de criança afegã
A esperança existia
Era(m) verde(s)
Como deve ser
Sempre
Alguns anos depois
Eram olhos de outra criatura
Olhos de amargura
Amargura da vida
Que balança, machuca
E nada alivia
Onda surda no deserto de nossas retinas
sexta-feira, 26 de abril de 2013
365 dias com poesia, 26 de abril de 2013 -- Sangue, suor e javalis
Sangue, suor e javalis
A Marcelo Biju
Suas ondas são sorrisos
Sorrisos irônicos
Da possibilidade amarga de morrer na praia
Seus latidos são carinhos
De homem que aprendeu a amar a vida
Suas marcas são cicatrizes de batalhas
Que são de todos nós que ainda queremos encontrar a amizade
Não interessa onde, quando, como
Não interessa se surfando, sorrindo ou rimando
A Marcelo Biju
Suas ondas são sorrisos
Sorrisos irônicos
Da possibilidade amarga de morrer na praia
Seus latidos são carinhos
De homem que aprendeu a amar a vida
Suas marcas são cicatrizes de batalhas
Que são de todos nós que ainda queremos encontrar a amizade
Não interessa onde, quando, como
Não interessa se surfando, sorrindo ou rimando
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Cecília Meireles, Poema 10 do livro METAL ROSICLER
10
Em colcha florida
me deitei.
Pássaros pintados
escutei.
Grinaldas nos ares
contemplei.
Da morte e da vida
me lembrei.
Dias acabados
lamentei.
(Flores singulares
não bordei.
A canção trazida
não cantei.
Naveguei tormentas pelos quatros lados.
Não as amansei!
Ó grinaldas, flores, pássaros pintados,
como dormirei?)
Em colcha florida
me deitei.
Pássaros pintados
escutei.
Grinaldas nos ares
contemplei.
Da morte e da vida
me lembrei.
Dias acabados
lamentei.
(Flores singulares
não bordei.
A canção trazida
não cantei.
Naveguei tormentas pelos quatros lados.
Não as amansei!
Ó grinaldas, flores, pássaros pintados,
como dormirei?)
365 dias com poesia, 25 de abril de 2013 -- Truques
TRUQUES
13ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Sei quem sou
por isso posso querer
sem nunca esquecer
dos truques...
Não quero
me utilizar
de truques
Não quero copiar
sentimentos antigos
desdigo quem sou
se fizer isso X2
Quero verdade
quero seu fel
quero suor
molhando o papel
(Repeat)
Quero verdade
quero seu mel
quero suor
molhando o papel
Não quero
me utilizar de subterfúgios
quero subúrbios
com mocotó e feijoada
Quero samba no pé
com mulata
quero samba no pé
com mulata
na Lapa
Sei quem sou
por isso posso querer
sem nunca esquecer
dos truques... X2
Louco satisfaz
o próprio querer
sem nunca esquecer
dos truques... X2
(Falado)
Necessários
para manter o amor
escondido no armário
RELICÁRIO!
13ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Sei quem sou
por isso posso querer
sem nunca esquecer
dos truques...
Não quero
me utilizar
de truques
Não quero copiar
sentimentos antigos
desdigo quem sou
se fizer isso X2
Quero verdade
quero seu fel
quero suor
molhando o papel
(Repeat)
Quero verdade
quero seu mel
quero suor
molhando o papel
Não quero
me utilizar de subterfúgios
quero subúrbios
com mocotó e feijoada
Quero samba no pé
com mulata
quero samba no pé
com mulata
na Lapa
Sei quem sou
por isso posso querer
sem nunca esquecer
dos truques... X2
Louco satisfaz
o próprio querer
sem nunca esquecer
dos truques... X2
(Falado)
Necessários
para manter o amor
escondido no armário
RELICÁRIO!
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Cecília Meireles, DEZ
DEZ (Poema do livro AERONAUTA)
Ai daquele que é chegado
e que não chega...
Por mais que aqui me equilibre,
e vos faça companhia,
tudo são queixas
de que me sentis tão livre
como alguém cuja morada
é além do dia.
Provo do vosso alimento,
retorno as humanas vestes.
Já nem suspiro
por esses rumos celestes,
jardim do meu pensamento.
Quase não vivo,
por ficar ao vosso lado.
E acusais-me de ir tão alto!
Ai, que nomes têm as coisas!
Que nomes tendes?
São vossas fontes copiosas,
mas outras são minhas sedes.
E assim me vedes
como estranho que se esquece
dos seus parentes
e que em si desaparece.
Do que pedis que me lembre,
disso me esqueço.
Mas o que recordo sempre
é o vosso nome profundo.
Esse é que tenho
só, comigo, além do mundo
e reconheço.
E, esse, mal sabeis que seja...
Ai daquele que é chegado
e que não chega...
Por mais que aqui me equilibre,
e vos faça companhia,
tudo são queixas
de que me sentis tão livre
como alguém cuja morada
é além do dia.
Provo do vosso alimento,
retorno as humanas vestes.
Já nem suspiro
por esses rumos celestes,
jardim do meu pensamento.
Quase não vivo,
por ficar ao vosso lado.
E acusais-me de ir tão alto!
Ai, que nomes têm as coisas!
Que nomes tendes?
São vossas fontes copiosas,
mas outras são minhas sedes.
E assim me vedes
como estranho que se esquece
dos seus parentes
e que em si desaparece.
Do que pedis que me lembre,
disso me esqueço.
Mas o que recordo sempre
é o vosso nome profundo.
Esse é que tenho
só, comigo, além do mundo
e reconheço.
E, esse, mal sabeis que seja...
Cecília Meireles, UM
UM (Poema do livro AERONAUTA)
Agora podeis tratar-me
como quiserdes:
não sou feliz nem triste,
humilde nem orgulhoso,
-- não sou terrestre.
Agora sei que este corpo,
insuficiente, em que assiste
remota fala,
mui docemente se perde
nos ares, como o segredo
que a vida exala.
E seu destino é ir mais longe,
tão longe, enfim, como a exata
alma, por onde
se pode ser livre e isento,
sem atos além do sonho,
dono de nada,
mas sem desejo e sem medo,
e entre os acontecimentos
tão sossegado!
Agora podeis mirar-me
enquanto eu próprio me aguardo,
pois volto e chego,
por muito que surpreendido
com os seus encontros na terra
seja o Aeronauta.
Agora podeis tratar-me
como quiserdes:
não sou feliz nem triste,
humilde nem orgulhoso,
-- não sou terrestre.
Agora sei que este corpo,
insuficiente, em que assiste
remota fala,
mui docemente se perde
nos ares, como o segredo
que a vida exala.
E seu destino é ir mais longe,
tão longe, enfim, como a exata
alma, por onde
se pode ser livre e isento,
sem atos além do sonho,
dono de nada,
mas sem desejo e sem medo,
e entre os acontecimentos
tão sossegado!
Agora podeis mirar-me
enquanto eu próprio me aguardo,
pois volto e chego,
por muito que surpreendido
com os seus encontros na terra
seja o Aeronauta.
365 dias com poesia, 24 de abril de 2013 -- A Saudade/Blues do Medo
A Saudade/ Blues do Medo
12ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
A saudade
me descobriu
Poeta
Me fiz
Para não decepcioná-la
Fiz
Rimas
Apaixonadas
Clara intenção
De tê-la
Como companheira
Companheira
De solidão X4
(Ou não!)
(SOLO)
Quero estar com você
Aonde você está?
Necessito confessar
Sinto medo do escuro X3
12ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
A saudade
me descobriu
Poeta
Me fiz
Para não decepcioná-la
Fiz
Rimas
Apaixonadas
Clara intenção
De tê-la
Como companheira
Companheira
De solidão X4
(Ou não!)
(SOLO)
Quero estar com você
Aonde você está?
Necessito confessar
Sinto medo do escuro X3
terça-feira, 23 de abril de 2013
365 dias com poesia, 23 de abril de 2013 -- Minas
Minas
11ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Me senti preso
e agora teço
a rota do meu voo
Ao voar
passei a criar
vida no papel
Adoço Deus
com o céu
das minhas submarinas
submarinas
minas X2
Divinas sensações
Pedras de Ilusões
Imediatas razões
me fizeram continuar
sem parar
Adoço o Deus
com o céu
das minhas submarinas
submarinas
minas X3
11ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Me senti preso
e agora teço
a rota do meu voo
Ao voar
passei a criar
vida no papel
Adoço Deus
com o céu
das minhas submarinas
submarinas
minas X2
Divinas sensações
Pedras de Ilusões
Imediatas razões
me fizeram continuar
sem parar
Adoço o Deus
com o céu
das minhas submarinas
submarinas
minas X3
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Cesar Valle, poeta
Machado de Assis
(...) Assim são as páginas da vida,
como dizia meu filho quando fazia versos,
e acrescentava que as páginas vão
passando umas sobre as outras,
esquecidas apenas lidas.
Prezado Marco Plácido
Hoje li o seu livro
Alguns poemas li
Outros reli
Não me cabe comentá-los
Apenas parabenizá-lo
Satisfeito por tê-los libertado
Tudo passa como tem de passar
Poucos podem estar no seu lugar
Implodindo a angústia do tempo
Que não para de andar
Nesse tempo de mentira
A verdade está no seu olhar
Procurando resposta na poesia
Na música, na descoberta que
Viver é caminhar
Subvertendo a ordem de que ser feliz
É estar sentado a beira do caminho
Pena que poucos vão te ajudar
O ladrão vai continuar a roubar
O político nos enganará
A família, não vamos comentar
A rua, com a chuva transbordará
A praça suja e sem flor
Não o inspirará
A sua esperança possivelmente continuará
A tristeza da vida só os poetas
Conseguem decifrar
A beleza será vista
Teremos lampejos de prazer
Alguma coisa sobreviverá
Nesse mundo cão
Em que somos obrigados a estar
A fome é inconcebível, o preconceito abominável
O desemprego triste, a falta de educação lamentável
Alguém não ter onde morar, infelizes nos deixará
Os acervos dos museus são de chorar
A atenção com a educação da criança
deve existe em algum lugar
Obras inúteis, não param de procriar
Estádios, viadutos e prédios
escola boa e professores bons nem pensar
A mulher não para de apanhar
E Maria da Penha pouco a amparará
Enfim, a nação não crescerá com as esmolas
Que o governo tenta institucionalizar
Com investimento na educação e na infra-estrutura
A felicidade vamos conquistar
Obrigado pelo livro e um grande abraço
Cesar Valle
(...) Assim são as páginas da vida,
como dizia meu filho quando fazia versos,
e acrescentava que as páginas vão
passando umas sobre as outras,
esquecidas apenas lidas.
Prezado Marco Plácido
Hoje li o seu livro
Alguns poemas li
Outros reli
Não me cabe comentá-los
Apenas parabenizá-lo
Satisfeito por tê-los libertado
Tudo passa como tem de passar
Poucos podem estar no seu lugar
Implodindo a angústia do tempo
Que não para de andar
Nesse tempo de mentira
A verdade está no seu olhar
Procurando resposta na poesia
Na música, na descoberta que
Viver é caminhar
Subvertendo a ordem de que ser feliz
É estar sentado a beira do caminho
Pena que poucos vão te ajudar
O ladrão vai continuar a roubar
O político nos enganará
A família, não vamos comentar
A rua, com a chuva transbordará
A praça suja e sem flor
Não o inspirará
A sua esperança possivelmente continuará
A tristeza da vida só os poetas
Conseguem decifrar
A beleza será vista
Teremos lampejos de prazer
Alguma coisa sobreviverá
Nesse mundo cão
Em que somos obrigados a estar
A fome é inconcebível, o preconceito abominável
O desemprego triste, a falta de educação lamentável
Alguém não ter onde morar, infelizes nos deixará
Os acervos dos museus são de chorar
A atenção com a educação da criança
deve existe em algum lugar
Obras inúteis, não param de procriar
Estádios, viadutos e prédios
escola boa e professores bons nem pensar
A mulher não para de apanhar
E Maria da Penha pouco a amparará
Enfim, a nação não crescerá com as esmolas
Que o governo tenta institucionalizar
Com investimento na educação e na infra-estrutura
A felicidade vamos conquistar
Obrigado pelo livro e um grande abraço
Cesar Valle
Cecília Meireles, DESENHO LEVE
DESENHO LEVE
Via-se morrer o amor
de braços abertos.
Uma espuma azul andava
nas areias desertas.
Nos galhos frescos das árvores,
recentemente cortadas,
meninas todas de branco
se balançavam.
O eco partia o baralho
de suas risadas.
Via-se morrer o amor
de mãos estendidas.
Uma lua sem memória
pelas águas transparentes
arrastava seus vestidos.
Via-se morrer o amor
de solidões cercado.
Via-se e tinha-se pena
sem se poder fazer nada.
E era uma tarde de lua,
com vento pelas estrelas
esquecidas.
E ao longe riam-se as crianças:
no princípio do mundo,
no reino da infância.
Via-se morrer o amor
de braços abertos.
Uma espuma azul andava
nas areias desertas.
Nos galhos frescos das árvores,
recentemente cortadas,
meninas todas de branco
se balançavam.
O eco partia o baralho
de suas risadas.
Via-se morrer o amor
de mãos estendidas.
Uma lua sem memória
pelas águas transparentes
arrastava seus vestidos.
Via-se morrer o amor
de solidões cercado.
Via-se e tinha-se pena
sem se poder fazer nada.
E era uma tarde de lua,
com vento pelas estrelas
esquecidas.
E ao longe riam-se as crianças:
no princípio do mundo,
no reino da infância.
365 dias com poesia, 22 de abril de 2013 -- À Cecília
À Cecília
10ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
O resto
de mato
da minha framboesa vida
não me impossibilita
de querer
ter
hálito
de margaridas...
hábito
de esconder
minha tristeza
em canteiros
inteiros...
flores
parecidas...
repletas
esquecidas...
reza forte
me permitirá
te embalar
em sonhos
antes da despedida
minha sorte
me permitirá
continuar
moço
antes da despedida X2
o cheiro de mato
na minha framboesa vida...
10ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
O resto
de mato
da minha framboesa vida
não me impossibilita
de querer
ter
hálito
de margaridas...
hábito
de esconder
minha tristeza
em canteiros
inteiros...
flores
parecidas...
repletas
esquecidas...
reza forte
me permitirá
te embalar
em sonhos
antes da despedida
minha sorte
me permitirá
continuar
moço
antes da despedida X2
o cheiro de mato
na minha framboesa vida...
domingo, 21 de abril de 2013
365 dias com poesia, 21 de abril de 2013 -- Andarilho
Andarilho
9ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Hoje sei
Porque
O andarilho anda X2
Anda
Pra não chegar
Anda
Pra não pensar
No porquê do começar
No porquê do começar X2
Hoje
Ando
Para não pensar
O motivo de ter perdido você
9ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Hoje sei
Porque
O andarilho anda X2
Anda
Pra não chegar
Anda
Pra não pensar
No porquê do começar
No porquê do começar X2
Hoje
Ando
Para não pensar
O motivo de ter perdido você
sábado, 20 de abril de 2013
Cecília Meireles, AR LIVRE
AR LIVRE
A menina translúcida passa.
Vê-se a luz do sol dentro dos seus dedos.
Brilha em sua narina o coral do dia.
Leva o arco-íris em cada fio do cabelo.
Em sua pele, madrepérolas hesitantes
pintam leves alvoradas de neblina.
Evaporam-se-lhe os vestidos, na paisagem.
É apenas o vento que vai levando seu corpo pelas alamedas.
A cada passo, uma flor, a cada movimento, em pássaro.
E quando para na ponte, as águas todas vão correndo,
em verdes lágrimas para dentro dos seus olhos.
A menina translúcida passa.
Vê-se a luz do sol dentro dos seus dedos.
Brilha em sua narina o coral do dia.
Leva o arco-íris em cada fio do cabelo.
Em sua pele, madrepérolas hesitantes
pintam leves alvoradas de neblina.
Evaporam-se-lhe os vestidos, na paisagem.
É apenas o vento que vai levando seu corpo pelas alamedas.
A cada passo, uma flor, a cada movimento, em pássaro.
E quando para na ponte, as águas todas vão correndo,
em verdes lágrimas para dentro dos seus olhos.
365 dias com poesia, 20 de abril de 2013 -- Brigas
Brigas
8ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Idiossincrasias cristãs...
Ironias finas...
Alegorias imãs...
Fantasias ricas...
Nossas brigas
Não acabarão! X2
Nem tudo que começa acaba?
Nem tudo que é uva passa?
Seus olhos são azuis?
Nossas rimas
Não acabarão!
Idiossincrasias cristãs...
Ironias finas...
Alegorias imãs...
Fantasias ricas... X2
Nossas brigas
Não acabarão!
8ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Idiossincrasias cristãs...
Ironias finas...
Alegorias imãs...
Fantasias ricas...
Nossas brigas
Não acabarão! X2
Nem tudo que começa acaba?
Nem tudo que é uva passa?
Seus olhos são azuis?
Nossas rimas
Não acabarão!
Idiossincrasias cristãs...
Ironias finas...
Alegorias imãs...
Fantasias ricas... X2
Nossas brigas
Não acabarão!
sexta-feira, 19 de abril de 2013
365 dias com poesia, 19 de abril de 2013 -- Cegos
Cegos
7ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
(Ouça o quê
Chico disse...)
Os cegos
e
os poetas
enxergam na escuridão
Me dificulte então
Não emita som
No escuro do seu quarto
Beijo seu pescoço
Me acho em suas mãos
Prendo a respiração
Os cegos
e
os poetas
enxergam na escuridão
Me dificulte então
Não emita som
No escuro do seu quarto
Beijo seu pescoço
Me acho em suas mãos
Prendo a respiração
Sou jovem e asceta
Necessito da solidão
Pra não chorar em vão
Agarro suas mãos
Triste e com o fardo
De saber quem sou
Prendo a respiração
Mudo minha direção.
7ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
(Ouça o quê
Chico disse...)
Os cegos
e
os poetas
enxergam na escuridão
Me dificulte então
Não emita som
No escuro do seu quarto
Beijo seu pescoço
Me acho em suas mãos
Prendo a respiração
Os cegos
e
os poetas
enxergam na escuridão
Me dificulte então
Não emita som
No escuro do seu quarto
Beijo seu pescoço
Me acho em suas mãos
Prendo a respiração
Sou jovem e asceta
Necessito da solidão
Pra não chorar em vão
Agarro suas mãos
Triste e com o fardo
De saber quem sou
Prendo a respiração
Mudo minha direção.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
365 dias com poesia, 18 de abril de 2013 -- Pedra
Pedra
6ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Não sou feito de pedra
Sou humano
Um simples homem
Em mim
A sonolência
Medra
Me cerco
(circo)
de palhaços
Para acharem
Que sou o domador
quando sou fera
pedra de sonhador X 2
Não sou feito de pedra
Em mim a sonolência medra
Sonâmbula
mirada do menino...
Vivo o meu destino...
6ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Não sou feito de pedra
Sou humano
Um simples homem
Em mim
A sonolência
Medra
Me cerco
(circo)
de palhaços
Para acharem
Que sou o domador
quando sou fera
pedra de sonhador X 2
Não sou feito de pedra
Em mim a sonolência medra
Sonâmbula
mirada do menino...
Vivo o meu destino...
quarta-feira, 17 de abril de 2013
365 dias com poesia, 17 de abril de 2013 -- Desafios
Desafios
5ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Suas palavras podem me dizer
Coisas que nossos corpos não podem mais viver?
Respiro, choro, rio
Todas as pedras no caminho são desafios
Me ajude a me esconder do frio
(Que sinto ao não te ter)
Nossos corpos não podem mais dizer
Coisas que falávamos somente ao (entardecer) anoitecer
Tusso, choro, esfrio
Aquecer as pedras do caminho são desafios
Me ajude a me esconder do calafrio
(Que sinto ao não te ter)
Sozinho esfrio
Sozinho estio
Sozinho me firo
Suas palavras podem me dizer
Coisas que nossos corpos não podem mais viver?
Respiro, choro, rio
Todas as pedras no caminho são desafios
Me ajude a me esconder do frio
(Que sinto ao não te ter)
Sozinho esfrio
Sozinho estio
Sozinho me firo
Sozinho
5ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Suas palavras podem me dizer
Coisas que nossos corpos não podem mais viver?
Respiro, choro, rio
Todas as pedras no caminho são desafios
Me ajude a me esconder do frio
(Que sinto ao não te ter)
Nossos corpos não podem mais dizer
Coisas que falávamos somente ao (entardecer) anoitecer
Tusso, choro, esfrio
Aquecer as pedras do caminho são desafios
Me ajude a me esconder do calafrio
(Que sinto ao não te ter)
Sozinho esfrio
Sozinho estio
Sozinho me firo
Suas palavras podem me dizer
Coisas que nossos corpos não podem mais viver?
Respiro, choro, rio
Todas as pedras no caminho são desafios
Me ajude a me esconder do frio
(Que sinto ao não te ter)
Sozinho esfrio
Sozinho estio
Sozinho me firo
Sozinho
terça-feira, 16 de abril de 2013
Cecília Meireles, 5o MOTIVO DA ROSA
5o MOTIVO DA ROSA
Antes do teu olhar, não era,
nem será depois, -- primavera.
Pois vivemos do que perdura,
não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado: -- o prazo
do Criador na criatura...
Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.
Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.
Antes do teu olhar, não era,
nem será depois, -- primavera.
Pois vivemos do que perdura,
não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado: -- o prazo
do Criador na criatura...
Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.
Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.
Cecília Meireles, DESENHO
DESENHO
Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor de goiaba.
E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam.
Isso era num lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra em pedra ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.
Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.
Como a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.
Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
Mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.
E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções do mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havi música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! -- aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor de goiaba.
E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam.
Isso era num lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra em pedra ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.
Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.
Como a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.
Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
Mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.
E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções do mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havi música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! -- aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
365 dias com poesia, 16 de abril de 2013 -- Contra
Contra
4ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Contra tudo
Que não seja a favor...
Contra ismos
(não quero ser herói!)
contra o irreal
sentimento que corroí
meus poemas são
expansões da crua realidade...
Contra tudo
Que não seja a favor...
contra ites
apendicite
eu sei o quanto dói...
contra a canalhice
criancice
de achar
que mulher
não pode dar
emprestar fica melhor...
contra lista
de revista
contra caras
contra bundas de revista
RAP
bunda em brasileiro é palavra bonita!
Quem gosta de miséria
É intelectual
pão sem ovo neles!
João
Elvis esta muerto!
Contra tudo
Que não seja a favor...
contra ites
apendicite
eu sei o quanto dói...
contra a canalhice
criancice
de achar
que mulher
não pode dar
emprestar fica melhor...
Contra tudo
Que não seja a favor
Contra vida?
Uma vida sem amor
Ingenuidade
Ingenuidade de achar
Que se viva sem sonhar
Que se viva sem sonhar
contra lista
de revista
contra caras
contra bundas de revista
RAP
bunda em brasileiro é palavra bonita!
Quem gosta de miséria
É intelectual
pão sem ovo neles!
Tom
Jackson is dead!
4ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Contra tudo
Que não seja a favor...
Contra ismos
(não quero ser herói!)
contra o irreal
sentimento que corroí
meus poemas são
expansões da crua realidade...
Contra tudo
Que não seja a favor...
contra ites
apendicite
eu sei o quanto dói...
contra a canalhice
criancice
de achar
que mulher
não pode dar
emprestar fica melhor...
contra lista
de revista
contra caras
contra bundas de revista
RAP
bunda em brasileiro é palavra bonita!
Quem gosta de miséria
É intelectual
pão sem ovo neles!
João
Elvis esta muerto!
Contra tudo
Que não seja a favor...
contra ites
apendicite
eu sei o quanto dói...
contra a canalhice
criancice
de achar
que mulher
não pode dar
emprestar fica melhor...
Contra tudo
Que não seja a favor
Contra vida?
Uma vida sem amor
Ingenuidade
Ingenuidade de achar
Que se viva sem sonhar
Que se viva sem sonhar
contra lista
de revista
contra caras
contra bundas de revista
RAP
bunda em brasileiro é palavra bonita!
Quem gosta de miséria
É intelectual
pão sem ovo neles!
Tom
Jackson is dead!
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Cecília Meireles, DESPEDIDA
DESPEDIDA
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão.
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conhecestes? -- me perguntarão.
-- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? -- Tudo. Que desejas? -- Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma etranha guerra...)
Quero solidão.
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão.
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conhecestes? -- me perguntarão.
-- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? -- Tudo. Que desejas? -- Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma etranha guerra...)
Quero solidão.
365 dias com poesia, 15 de abril de 2013 -- Constelação
Constelação
3ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Seus olhos são
tristezas
Meus olhos são
poemas
Nossos olhos...
Solidão
Seus olhos são
poemas
Meus olhos são
tristezas
Nossos olhos...
Solidão
Como poderemos viver sem imaginação?
Onde iremos ao sair dessa prisão?
Seus olhos são
estrelas
Meus olhos são
cometas
Nossos olhos...
constelação
Seus olhos são
cometas
Meus olhos são
estrelas
Nossos olhos...
constelação
Onde iremos ao sair dessa prisão?
Onde brilharemos sendo constelação?
(REFRÃO)
Estrelas e poemas sempre...
Tristezas e cometas só na canção...
Constelação
3ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Seus olhos são
tristezas
Meus olhos são
poemas
Nossos olhos...
Solidão
Seus olhos são
poemas
Meus olhos são
tristezas
Nossos olhos...
Solidão
Como poderemos viver sem imaginação?
Onde iremos ao sair dessa prisão?
Seus olhos são
estrelas
Meus olhos são
cometas
Nossos olhos...
constelação
Seus olhos são
cometas
Meus olhos são
estrelas
Nossos olhos...
constelação
Onde iremos ao sair dessa prisão?
Onde brilharemos sendo constelação?
(REFRÃO)
Estrelas e poemas sempre...
Tristezas e cometas só na canção...
Constelação
domingo, 14 de abril de 2013
Cecília Meireles, EXPLICAÇÃO
EXPLICAÇÃO
A Alberto de Serpa
O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo -- e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
-- espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória
sem margens.
Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
A Alberto de Serpa
O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo -- e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
-- espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória
sem margens.
Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
Cecíla Meireles, CANÇÃO DE ALTA NOITE
CANÇÃO DE ALTA NOITE
Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar...Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andra... -- enquanto consente
Deus que seja a noite andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar -- somente.
Não necessita de nada.
Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar...Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andra... -- enquanto consente
Deus que seja a noite andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar -- somente.
Não necessita de nada.
Cecília Meireles, MAR EM REDOR
MAR EM REDOR
Meus ouvidos estão como as conchas sonoras:
música perdida no meu pensamento,
na espuma da vida, na areia das horas...
Esqueceste a sombra novento.
Por isso, ficaste e partiste,
e há finos deltas de felicidade
abrindo os braços num oceano triste.
Soltei meus anéis nos alén da saudade.
Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.
Almas de todos os afogados
chamam para diversos lados
esta singular companheira.
Meus ouvidos estão como as conchas sonoras:
música perdida no meu pensamento,
na espuma da vida, na areia das horas...
Esqueceste a sombra novento.
Por isso, ficaste e partiste,
e há finos deltas de felicidade
abrindo os braços num oceano triste.
Soltei meus anéis nos alén da saudade.
Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.
Almas de todos os afogados
chamam para diversos lados
esta singular companheira.
Cecília Meireles, MOTIVO
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
-- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
-- mais nada.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
-- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
-- mais nada.
Cecília Meireles, EPIGRAMA No 5
EPIGRAMA No 5
Gosto da gota d'água que se equilibra
na folha rasa, tremendo ao vento.
Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra:
e ela resiste, no isolamento.
Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto:
pronto a cair, pronto a ficar -- límpido e exato.
E a folha é um pequeno deserto
para a imensidade do ato.
Gosto da gota d'água que se equilibra
na folha rasa, tremendo ao vento.
Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra:
e ela resiste, no isolamento.
Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto:
pronto a cair, pronto a ficar -- límpido e exato.
E a folha é um pequeno deserto
para a imensidade do ato.
Cecília Meireles, METAMORFOSE
METAMORFOSE
Súbito pássaro
dentro dos muros
caído,
pálido barco
na onda serena
chegado.
Noite sem braços!
Cálido sangue
corrido.
E imensamente
o navegante
mudado.
Seus olhos densos
apenas sabem
ter sido.
Seu lábio leva
um outro nome
mandado.
Súbito pássaro
por altas nuvens
bebido.
Pálido barco
nas flores quietas
quebrado.
Nunca, jamais
e para sempre
perdido
o eco do corpo
no próprio vento
pregado.
Súbito pássaro
dentro dos muros
caído,
pálido barco
na onda serena
chegado.
Noite sem braços!
Cálido sangue
corrido.
E imensamente
o navegante
mudado.
Seus olhos densos
apenas sabem
ter sido.
Seu lábio leva
um outro nome
mandado.
Súbito pássaro
por altas nuvens
bebido.
Pálido barco
nas flores quietas
quebrado.
Nunca, jamais
e para sempre
perdido
o eco do corpo
no próprio vento
pregado.
365 dias com poesia, 14 de abril de 2013 -- Sim
Sim
2ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Sim,
Quero com você
Gosto com você
Vivo com você
Morro com você
Tudo sem você
Não tem graça
Sim,
Quero por você
Gosto por você
Vivo por você
Morro por você
Tudo sem você
Não tem graça
Hoje, onde te encontro X4
Se você se for,
Como posso te encontrar
Como posso te encontrar
Onde posso te encontrar
Onde posso me encontrar.
2ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
Sim,
Quero com você
Gosto com você
Vivo com você
Morro com você
Tudo sem você
Não tem graça
Sim,
Quero por você
Gosto por você
Vivo por você
Morro por você
Tudo sem você
Não tem graça
Hoje, onde te encontro X4
Se você se for,
Como posso te encontrar
Como posso te encontrar
Onde posso te encontrar
Onde posso me encontrar.
sábado, 13 de abril de 2013
365 dias com poesia, 13 de abril de 2013 -- O Alvo
O alvo
1ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
(...) imprevisível
como uma criança
que pinta enquanto dança, enquanto dança
inacessível por ser um míssil em movimento
eu sou o centro
eu sou o alvo
dessa equação
o resultado X2
REFRÃO
se me encontrar parado
há algo errado
no resultado
na solução dos seus problemas
sou o menor
1ª música do CD Marco Plácido Brasileiro
(...) imprevisível
como uma criança
que pinta enquanto dança, enquanto dança
inacessível por ser um míssil em movimento
eu sou o centro
eu sou o alvo
dessa equação
o resultado X2
REFRÃO
se me encontrar parado
há algo errado
no resultado
na solução dos seus problemas
sou o menor
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Autores das Músicas do CD Marco Plácido Brasileiro
1 – O Alvo, autores: Marco Plácido e Jorge Veloso.
2 – Sim, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
3 – Constelação, autores: Marco Plácido e Tom Marques
4 – Contra, autores: Marco Plácido e Tom Marques
5 – Desafios, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
6 – Pedra, autor: Marco Plácido.
7 – Cegos, autores: Marco Plácido e João Raphael Viana.
8 – Brigas, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
9 – Andarilho, autor: Marco Plácido.
10 – À Cecília, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
11 – Minas, autores: Marco Plácido e Sérgio Suzano.
Bonus track 1 – A saudade/ Blues do medo, autor: Marco Plácido.
Bonus track 2 – Truques, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
2 – Sim, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
3 – Constelação, autores: Marco Plácido e Tom Marques
4 – Contra, autores: Marco Plácido e Tom Marques
5 – Desafios, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
6 – Pedra, autor: Marco Plácido.
7 – Cegos, autores: Marco Plácido e João Raphael Viana.
8 – Brigas, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
9 – Andarilho, autor: Marco Plácido.
10 – À Cecília, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
11 – Minas, autores: Marco Plácido e Sérgio Suzano.
Bonus track 1 – A saudade/ Blues do medo, autor: Marco Plácido.
Bonus track 2 – Truques, autores: Marco Plácido e Tom Marques.
Banda do CD Marco Plácido Brasileiro
Violões: Tom Marques.
Baixo: João Rafael.
Bateria: André Berenger.
Teclados: Felipe Valadares.
Guitarras: Jorge Veloso.
Baixo: João Rafael.
Bateria: André Berenger.
Teclados: Felipe Valadares.
Guitarras: Jorge Veloso.
SET LIST do CD Marco Plácido Brasileiro
1-- O Alvo;
2 -- Sim;
3 -- Constelação;
4 -- Contra;
5 -- Desafios;
6 -- Pedra;
7 -- cegos;
8 -- Brigas;
9 -- Andarilho;
10 -- À Cecília;
11 -- Minas.
Bonus Track 1 -- A Saudade/Blues do Medo.
Bonus Track 2 -- Truques.
2 -- Sim;
3 -- Constelação;
4 -- Contra;
5 -- Desafios;
6 -- Pedra;
7 -- cegos;
8 -- Brigas;
9 -- Andarilho;
10 -- À Cecília;
11 -- Minas.
Bonus Track 1 -- A Saudade/Blues do Medo.
Bonus Track 2 -- Truques.
365 dias com poesia, 12 de abril de 2013 -- naif
naif
...é porque depois do entendimento técnico
bate um cansaço de tanta coisa meio que copiada dos mestres e aí acaba ficando uma vontade de ver algo ingênuo mas que comunique a dor do jeito que a dor acontece no olho
...é porque depois do entendimento técnico
bate um cansaço de tanta coisa meio que copiada dos mestres e aí acaba ficando uma vontade de ver algo ingênuo mas que comunique a dor do jeito que a dor acontece no olho
quinta-feira, 11 de abril de 2013
365 dias com poesia, 11 de abril de 2013 -- terr Agilidade
terr Agilidade
combato o sabor insosso
e portanto
com molho
ardo
ator
dôo o enjôo
pela ausência
de arte
derr
amando
terr
Agilidade
combato o sabor insosso
e portanto
com molho
ardo
ator
dôo o enjôo
pela ausência
de arte
derr
amando
terr
Agilidade
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Paul Auster, REMINISCÊNCIA DE CASA
Reminiscência de casa
Vero Norte. Norte de Vincent.
Vislumbrada
desterra de luz. E em cada fresta
de terra, campos
anil que ardem
num férvido vento de estrelas.
O que resta trancado
no olho que te possuiu
serve ainda
de imagem de casa: a barricada
da cadeira vazia, e o pai, ausente,
que floresce ainda na urna
de sua honestidade.
Tu jamais cerrarás os olhos.
No olho do corvo que voa à tua frente,
vais te ver
deixar-te para trás.
Tradução: Caetano Galindo.
Vero Norte. Norte de Vincent.
Vislumbrada
desterra de luz. E em cada fresta
de terra, campos
anil que ardem
num férvido vento de estrelas.
O que resta trancado
no olho que te possuiu
serve ainda
de imagem de casa: a barricada
da cadeira vazia, e o pai, ausente,
que floresce ainda na urna
de sua honestidade.
Tu jamais cerrarás os olhos.
No olho do corvo que voa à tua frente,
vais te ver
deixar-te para trás.
Tradução: Caetano Galindo.
Jeff Chagas, poeta
É pra isso que a gente vive, para jogar no branco do papel a tinta de nossas canetas.
Soltar no silêncio o grito.
Pelo menos, o que era branco agora é poesia.
O que era silêncio agora é música
Viva o branco! Viva a poesia! Viva o silêncio e viva a música! Viva a convivência entre o sim e o nada.
BELLATOR
BELLATOR
À Isabel Scassa
é essa luta-busca
por vida
essa instância elevada de despedidas
que magoa e mata o cerne de quem somos
como não nos deixar abater pelos outros?
que caçam palavras
colocando-as em gaiolas
quando deveriam deixá-las livres
cantando o sabor amargo de ter coragem de viver
À Isabel Scassa
é essa luta-busca
por vida
essa instância elevada de despedidas
que magoa e mata o cerne de quem somos
como não nos deixar abater pelos outros?
que caçam palavras
colocando-as em gaiolas
quando deveriam deixá-las livres
cantando o sabor amargo de ter coragem de viver
365 dias com poesia, 10 de abril de 2013 -- Contemporâneo
Contemporâneo
O balé clássico
É como um quadro figurativo
Já teve mais sentido
Mas ainda é bonito
O balé contemporâneo
Como um quadro abstrato
Deve contar minimamente uma história
Mesmo que em manchas
Mesmo que nos encante pelas cores
Senão não há sentido
E sem sentido
Não sentimos
O balé clássico
É como um quadro figurativo
Já teve mais sentido
Mas ainda é bonito
O balé contemporâneo
Como um quadro abstrato
Deve contar minimamente uma história
Mesmo que em manchas
Mesmo que nos encante pelas cores
Senão não há sentido
E sem sentido
Não sentimos
terça-feira, 9 de abril de 2013
365 dias com poesia, 09 de abril de 2013 -- PINTADOR 3
PINTADOR 3
Todo maluco
Que quer pintar
Sem se ligar nas figuras
Tem que inventar
Uma teoria das cores
Para justificar todas aquelas manchas
Abstratas, expressionistas, sei lá
Então vamos combinar
O azul que eu usar não é da cor do mar
Talvez seja apenas a presença de um olhar
Que nunca existiu ou quiçá
Esteja ainda em algum lugar que desconheço
O vermelho nada tem com fogo
Labaredas
Será apenas uma manifestação da tensão
Entre o que quero pintar e o que consigo
O amarelo não é do medo
Mas do segredo que guardo comigo
Que nenhuma palavra ainda arranhou
(e quem sabe uma mancha de tinta
possa revelá-lo, para mim inclusive)
O branco não é da pomba da paz de Picasso
(Coitado, deixemos o mestre maior descansar lá no céu dos artistas,
Se é que os artistas libertários vão para o céu)
O branco é apenas um suspiro de descanso na cabeça do poeta que se meteu a pintar...
Todo maluco
Que quer pintar
Sem se ligar nas figuras
Tem que inventar
Uma teoria das cores
Para justificar todas aquelas manchas
Abstratas, expressionistas, sei lá
Então vamos combinar
O azul que eu usar não é da cor do mar
Talvez seja apenas a presença de um olhar
Que nunca existiu ou quiçá
Esteja ainda em algum lugar que desconheço
O vermelho nada tem com fogo
Labaredas
Será apenas uma manifestação da tensão
Entre o que quero pintar e o que consigo
O amarelo não é do medo
Mas do segredo que guardo comigo
Que nenhuma palavra ainda arranhou
(e quem sabe uma mancha de tinta
possa revelá-lo, para mim inclusive)
O branco não é da pomba da paz de Picasso
(Coitado, deixemos o mestre maior descansar lá no céu dos artistas,
Se é que os artistas libertários vão para o céu)
O branco é apenas um suspiro de descanso na cabeça do poeta que se meteu a pintar...
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Paul Auster, NO FIM DO VERÃO
No fim do verão
Borrasca boreal, e o todo da noite, solto
contra a hora diluviana do olho. Nosso des-
ossado desígnio, opondo-se ao curso
das pedras em nosso sangue: vertigem
das altitudes de hélio
da linguagem.
Amanhã: uma estrada na montanha
cercada de tojo. O sol
nas frestas da pedra. O menos,
Como se pudéssemos erguer um só alento
ante o término do alento.
Não existe a terra prometida.
Tradução: Caetano Galindo.
Borrasca boreal, e o todo da noite, solto
contra a hora diluviana do olho. Nosso des-
ossado desígnio, opondo-se ao curso
das pedras em nosso sangue: vertigem
das altitudes de hélio
da linguagem.
Amanhã: uma estrada na montanha
cercada de tojo. O sol
nas frestas da pedra. O menos,
Como se pudéssemos erguer um só alento
ante o término do alento.
Não existe a terra prometida.
Tradução: Caetano Galindo.
365 dias com poesia, 08 de abril de 2013 -- (I) mortalidade
(I) mortalidade
Ao meu pai, Jorge
Naquela época
Uma chuva dessas
Não me assustava
Corria em direção ao vento
E me molhava inteiro
(fiz isso várias vezes, tantas que até perdi a conta!)
Cabelos escorrendo pelo peito vazio de sabedoria
Ria muito sem pensar num raio num buraco
Sem pensar em nada
Apenas corria e nadava
(uma vez fiquei durante uma tempestade pegando onda até tarde, grande sensação de imortalidade)
Nadava e levava cada soca
E sorria sem parar para pensar
Depois ensopado voltei com o dever cumprido de menino que desafiou a morte e foi feliz
Ao meu pai, Jorge
Naquela época
Uma chuva dessas
Não me assustava
Corria em direção ao vento
E me molhava inteiro
(fiz isso várias vezes, tantas que até perdi a conta!)
Cabelos escorrendo pelo peito vazio de sabedoria
Ria muito sem pensar num raio num buraco
Sem pensar em nada
Apenas corria e nadava
(uma vez fiquei durante uma tempestade pegando onda até tarde, grande sensação de imortalidade)
Nadava e levava cada soca
E sorria sem parar para pensar
Depois ensopado voltei com o dever cumprido de menino que desafiou a morte e foi feliz
domingo, 7 de abril de 2013
Vinícius de Moraes, sobre Di Cavalcanti
BALADA DE DI CAVALCANTI
Carioca Di Cavalcanti
É com a maior emoção
Que este também carioca
Te traz esta saudação
É de todo o coração
Poeta Di Cavalcanti
Que este também poetante
Te faz esta sagração
Amigo Di Cavalcanti
Amigo de muito instante
De muita situação
Dos teus trezes lustros idos
Cinco dfroam bem vividos
Na companhia constante
Deste também teu irmão
Quantos amigos partiram!
Quantos ainda partirão!
(...)
Amigo Di Cavalcanti
A hora é grave e inconstante
Tudo aquilo que prezamos
O povo, a arte, a cultura
Vem sendo desfigurado
Pelos homens do passado
Que por temor do futuro
Optaram pela tortura
Poeta DiCavalcanti
Nossas coisas bem amadas
Neste mesmo exato instante
Estão sendo desfiguradas
"Hay que luchar"< Cavalcanti
Como diria Neruda
Por isso, pinta, pintor
Pinta o ódio e pinta o amor
Com o sangue de tua tinta
Pinta as mulheres de cor
Na sua graça distinta
Pinta o fruto e pinta a flor
Pinta o riso e pinra a dor
Pinta sem abstracionismo
Pinta a vida pintador
No teu mágico realismo!
(...)
Carioca Di Cavalcanti
É com a maior emoção
Que este também carioca
Te traz esta saudação
É de todo o coração
Poeta Di Cavalcanti
Que este também poetante
Te faz esta sagração
Amigo Di Cavalcanti
Amigo de muito instante
De muita situação
Dos teus trezes lustros idos
Cinco dfroam bem vividos
Na companhia constante
Deste também teu irmão
Quantos amigos partiram!
Quantos ainda partirão!
(...)
Amigo Di Cavalcanti
A hora é grave e inconstante
Tudo aquilo que prezamos
O povo, a arte, a cultura
Vem sendo desfigurado
Pelos homens do passado
Que por temor do futuro
Optaram pela tortura
Poeta DiCavalcanti
Nossas coisas bem amadas
Neste mesmo exato instante
Estão sendo desfiguradas
"Hay que luchar"< Cavalcanti
Como diria Neruda
Por isso, pinta, pintor
Pinta o ódio e pinta o amor
Com o sangue de tua tinta
Pinta as mulheres de cor
Na sua graça distinta
Pinta o fruto e pinta a flor
Pinta o riso e pinra a dor
Pinta sem abstracionismo
Pinta a vida pintador
No teu mágico realismo!
(...)
Paul Auster, INCENDIÁRIO
Incendiário
Horas sílices. O espalhar-se mudo
das pedras em torno a nós, coração
contra coração, nós no pontão
de palha
que apodrece ao longo do úmido
lapso da noite.
Nada resta. O olho frio se
abre ao frio
enquanto uma imagem de fogo
devora
a palavra que
se esbate em tua boca. O mundo
é
o que quer que lhe deixes, és somente
tu
no mundo que meu corpo
penetra: este lugar
onde tudo é carência.
Tradução: Caetno Galindo.
Horas sílices. O espalhar-se mudo
das pedras em torno a nós, coração
contra coração, nós no pontão
de palha
que apodrece ao longo do úmido
lapso da noite.
Nada resta. O olho frio se
abre ao frio
enquanto uma imagem de fogo
devora
a palavra que
se esbate em tua boca. O mundo
é
o que quer que lhe deixes, és somente
tu
no mundo que meu corpo
penetra: este lugar
onde tudo é carência.
Tradução: Caetno Galindo.
365 dias com poesia, 07 de abril de 2013 -- Domingo
Domingo
À Alfredo Plácido
A alegria que tenho
Não pertence àquelas rugas do espelho
Esse senhor cansado que pisca sem parar sou eu?
(Pareço triste por ter o canto da boca marcado?)
Um olhar magoado...
Ainda lembro do meu décimo aniversário
Relembro do gosto do bolo do guaraná do abraço da tia
Ainda tenho o falcon mergulhador
(Ainda há tanto frescor em mim...)
Quem me explica como não percebi que vivi tantos verões?
(Quem faz questão de escutar a última sílaba da frase que estou tentando terminar de falar?)
À Alfredo Plácido
A alegria que tenho
Não pertence àquelas rugas do espelho
Esse senhor cansado que pisca sem parar sou eu?
(Pareço triste por ter o canto da boca marcado?)
Um olhar magoado...
Ainda lembro do meu décimo aniversário
Relembro do gosto do bolo do guaraná do abraço da tia
Ainda tenho o falcon mergulhador
(Ainda há tanto frescor em mim...)
Quem me explica como não percebi que vivi tantos verões?
(Quem faz questão de escutar a última sílaba da frase que estou tentando terminar de falar?)
sábado, 6 de abril de 2013
365 dias com poesia, 06 de abril de 2013 -- miragens
miragens
A Di Cavalcanti
Di
Pintas
Maestria
Azuis e
Vermelhos
Enigmas
Nossas lágrimas
Suas rimas
Poeta desenhista
Di
Tintos
Pés
Espremem a expressão
Liquefazem uma emoção
Engarrafam o sabor nas mãos
Dos amores marrons
Di
Te queremos aqui
Sendo brasileiro
Com tempero
E sal
Ocres ócios óleos
Por
Sorte
Somos suas miragens
A Di Cavalcanti
Di
Pintas
Maestria
Azuis e
Vermelhos
Enigmas
Nossas lágrimas
Suas rimas
Poeta desenhista
Di
Tintos
Pés
Espremem a expressão
Liquefazem uma emoção
Engarrafam o sabor nas mãos
Dos amores marrons
Di
Te queremos aqui
Sendo brasileiro
Com tempero
E sal
Ocres ócios óleos
Por
Sorte
Somos suas miragens
sexta-feira, 5 de abril de 2013
365 dias com poesia, 05 de abril de 2013 -- Angel
Angel
À Angélica Plácido
Em cadência o céu tem um mar de estrelas
estrelas cinzas
me convidam
num domingo
para dançar
a dança sabática...
um beijo de inundação
de afeição
tomba minhas certezas
cinzas
uma pluma
um olhar...tudo é azul em mim
tudo é um desejo-céu
um mar em seus olhos de anjo
À Angélica Plácido
Em cadência o céu tem um mar de estrelas
estrelas cinzas
me convidam
num domingo
para dançar
a dança sabática...
um beijo de inundação
de afeição
tomba minhas certezas
cinzas
uma pluma
um olhar...tudo é azul em mim
tudo é um desejo-céu
um mar em seus olhos de anjo
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Paul Auster, DESCRIÇÕES DE OUTUBRO
Descrições de outubro
Ceifados, carvalhos de ilusão
de nosso pétreo-cálido, celeste norte, de pé
na dívida-de-
-sangue do ar que cresce
cerca da vinha que medra. Mais longe,
ainda, que a ebriedade
que teremos respirado,
uma asa de pega vai girar
e cravar nossa sombra no chão.
Vem
pelos trocados de dor
que te estendo.
Tradução: Caetano Galindo.
Ceifados, carvalhos de ilusão
de nosso pétreo-cálido, celeste norte, de pé
na dívida-de-
-sangue do ar que cresce
cerca da vinha que medra. Mais longe,
ainda, que a ebriedade
que teremos respirado,
uma asa de pega vai girar
e cravar nossa sombra no chão.
Vem
pelos trocados de dor
que te estendo.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, ANTE-VISÕES
Ante-visões
Eu te inspiro.
Eu te extraio de mim calmaria.
Eu te atonto no toque
da luz irmanada.
Eu te aleito
até a última gota do desastre.
O céu me prende uma estrela errante
ao peito. Eu vejo o vento
em testemunha, a noite imensa
desabada
em labirinto de carvalhos,
a distância.
Eu te assombro
até à beira-mágoa.
Eu ordenho tua força.
Eu te desafio,
eu te deusifico
por nada e
por ninguém,
eu me torno
teu necessário e mais violento
herdeiro.
Tradução: Caetano Galindo.
Eu te inspiro.
Eu te extraio de mim calmaria.
Eu te atonto no toque
da luz irmanada.
Eu te aleito
até a última gota do desastre.
O céu me prende uma estrela errante
ao peito. Eu vejo o vento
em testemunha, a noite imensa
desabada
em labirinto de carvalhos,
a distância.
Eu te assombro
até à beira-mágoa.
Eu ordenho tua força.
Eu te desafio,
eu te deusifico
por nada e
por ninguém,
eu me torno
teu necessário e mais violento
herdeiro.
Tradução: Caetano Galindo.
365 dias com poesia, 04 de abril de 2013 -- filho da mãe
filho da mãe
À memória de Bertha Plácido
Sempre os verdes
Me lembram seus olhos castanhos
Da cor do amor
Um olhar sem julgamentos
Sempre sorrindo momentos ainda não vividos
Na ingênua vontade de vivê-los
Plenos pulmões cheios de ar
Da bondade que não calava
Plena
Pena de avis rara de intenso brilho
De um azul cristalino que chamo
Em cada poema de
Filho da mãe
À memória de Bertha Plácido
Sempre os verdes
Me lembram seus olhos castanhos
Da cor do amor
Um olhar sem julgamentos
Sempre sorrindo momentos ainda não vividos
Na ingênua vontade de vivê-los
Plenos pulmões cheios de ar
Da bondade que não calava
Plena
Pena de avis rara de intenso brilho
De um azul cristalino que chamo
Em cada poema de
Filho da mãe
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Sombras (Letra: Tom Marques; Música: Marco Plácido)
Sombras
(Eu) Procuro sombras
talvez silhuetas seu contorno
me faça enxergar
o óbvio do que sinto
do que penso
mas sei que pra onde quer que eu olhe
vejo sua sombra X2
vejo você
Talvez procure formas
formas imperfeitas de dizer
você sabe o que penso
o quero dizer e às vezes não consigo
sombras do que sinto
sinto por você X3
(Eu) Procuro sombras
talvez silhuetas seu contorno
me faça enxergar
o óbvio do que sinto
do que penso
mas sei que pra onde quer que eu olhe
vejo sua sombra X2
vejo você
Talvez procure formas
formas imperfeitas de dizer
você sabe o que penso
o quero dizer e às vezes não consigo
sombras do que sinto
sinto por você X3
Paul Auster, MERIDIANO
Meridiano
O verão todo,
à gradual luz-lima
de nossas negras mãos duníferas: tuas pedras,
desmoronando redivivas
a tua volta.
Por trás de minha vítrea tampa corácea,
uma estrela precoce,
evacuada de inferno de espinhos,
ergue-te, inocente,
para a manhã, e povoa de nomes
tua sombra.
Rimada em noite. Atada a fundo.
Perto.
Tradução: Caetano Galindo.
O verão todo,
à gradual luz-lima
de nossas negras mãos duníferas: tuas pedras,
desmoronando redivivas
a tua volta.
Por trás de minha vítrea tampa corácea,
uma estrela precoce,
evacuada de inferno de espinhos,
ergue-te, inocente,
para a manhã, e povoa de nomes
tua sombra.
Rimada em noite. Atada a fundo.
Perto.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, ESCRIBA
Escriba
O nome
escapou-lhe dos lábios: sua fala o verteu
noutro corpo: achou de novo seu espaço
em Babel.
Estava escrito.
Uma flor
cai-lhe do olho
e brota na boca de um desconhecido.
Uma andorinha
rima com fome
e não pode abandonar o ovo.
Ele inventa
o órfão maltrapilho,
vai segurar
uma pequena bandeira negra
crivada de inverno.
É primavera,
e sob sua janela
ele escuta cem pedras brancas
virarem furibundas rainhas-das-flores.
Tradução: Caetano Galindo.
O nome
escapou-lhe dos lábios: sua fala o verteu
noutro corpo: achou de novo seu espaço
em Babel.
Estava escrito.
Uma flor
cai-lhe do olho
e brota na boca de um desconhecido.
Uma andorinha
rima com fome
e não pode abandonar o ovo.
Ele inventa
o órfão maltrapilho,
vai segurar
uma pequena bandeira negra
crivada de inverno.
É primavera,
e sob sua janela
ele escuta cem pedras brancas
virarem furibundas rainhas-das-flores.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, MATRIZ E SONHO
Matriz e sonho
Coisas inaudíveis, consumidas
toda noite:
alento, subterrâneo
pelo inverno: palavras-poços
descendo a luz mineirada
de riacho acalanto
e abismo.
Passas.
Entre medo e memória,
a ágata
de teu passo gera
rubro
na poeira da infância.
Sede: e coma: e folha --
das frestas
do já insabido: a mensagem anônima,
enterrada em meu corpo.
O alvo lençol
pendurado na corda. A artemísia
esmagada
no campo.
O cheiro de menta
dos escombros.
Tradução: Caetano Galindo.
Coisas inaudíveis, consumidas
toda noite:
alento, subterrâneo
pelo inverno: palavras-poços
descendo a luz mineirada
de riacho acalanto
e abismo.
Passas.
Entre medo e memória,
a ágata
de teu passo gera
rubro
na poeira da infância.
Sede: e coma: e folha --
das frestas
do já insabido: a mensagem anônima,
enterrada em meu corpo.
O alvo lençol
pendurado na corda. A artemísia
esmagada
no campo.
O cheiro de menta
dos escombros.
Tradução: Caetano Galindo.
365 dias com poesia, 03 de abril de 2013 -- coelho
coelho
Ansiedade do passado?
Ânsia de revivê-lo
De senti-lo de novo
De tê-lo em cheiro
De colhê-lo
Como se colhe o algodão
Como se brinca com um coelho ou um cão
Na feliz infância de não esperar
Ansiedade do passado?
Ânsia de revivê-lo
De senti-lo de novo
De tê-lo em cheiro
De colhê-lo
Como se colhe o algodão
Como se brinca com um coelho ou um cão
Na feliz infância de não esperar
terça-feira, 2 de abril de 2013
Paul Auster, poema 25 do livro DESTERRAR
25.
Nômade --
até lugar-nenhum, brotando
da prisão de tua boca, tornar-se
o onde estás; lês
a fábula
que foi escrita nos olhos
dos dados; (era
palavra-meteoro, rabiscada pela luz
entre nós, e nós, contudo, no fim,
não tínhamos provas, não
podíamos produzir
a pedra). O dado-e-o-dado
possuem agora teu nome. Como quem diz
que onde quer que estejas
está o deserto contigo. Como se,
onde quer que te movas, seja
novo o deserto,
e se mova contigo.
Tradução: Caetano Galindo.
Nômade --
até lugar-nenhum, brotando
da prisão de tua boca, tornar-se
o onde estás; lês
a fábula
que foi escrita nos olhos
dos dados; (era
palavra-meteoro, rabiscada pela luz
entre nós, e nós, contudo, no fim,
não tínhamos provas, não
podíamos produzir
a pedra). O dado-e-o-dado
possuem agora teu nome. Como quem diz
que onde quer que estejas
está o deserto contigo. Como se,
onde quer que te movas, seja
novo o deserto,
e se mova contigo.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, poema 22 do livro DESTERRAR
22.
Os mortos morrem ainda: e neles,
os vivos. Todo o espaço
e os olhos caçados
pelos frágeis instrumentos, confinados
a seus hábitos.
Respirar é aceitar
essa falta de ar, o único alento,
buscamos nas frestas
da memória, no lapso que fende
essa língua de rusgas, sem a qual a terra
teria concedido augúrio de maior vigor
por arrasar os pomares
de pedra. Nem
o silêncio me persegue.
Tradução: Caetano Galindo.
Os mortos morrem ainda: e neles,
os vivos. Todo o espaço
e os olhos caçados
pelos frágeis instrumentos, confinados
a seus hábitos.
Respirar é aceitar
essa falta de ar, o único alento,
buscamos nas frestas
da memória, no lapso que fende
essa língua de rusgas, sem a qual a terra
teria concedido augúrio de maior vigor
por arrasar os pomares
de pedra. Nem
o silêncio me persegue.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, poema 13 do livro DESTERRAR
13.
Outro do eu: ou eixo
irmão de sombra, nascido bem
onde o medo é mais negro -- eu vivo´
para ser teu crivo.
Raspando, como de centelhas
que carpem, como da lama, ondas
de juncos que acima se eriçam
na manhã escaldante -- cresceríamos
por ser partes
dessas coisas. Invisíveis
afinal, como este sangu, enterrado
sob perdas que se cerzem
em escaras. Como os não-abortos
que conosco viverão
de pé no clarão
deste lúbrico e ficto sol.
Tradução: Caetano Galindo.
Outro do eu: ou eixo
irmão de sombra, nascido bem
onde o medo é mais negro -- eu vivo´
para ser teu crivo.
Raspando, como de centelhas
que carpem, como da lama, ondas
de juncos que acima se eriçam
na manhã escaldante -- cresceríamos
por ser partes
dessas coisas. Invisíveis
afinal, como este sangu, enterrado
sob perdas que se cerzem
em escaras. Como os não-abortos
que conosco viverão
de pé no clarão
deste lúbrico e ficto sol.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, poema 5 do livro DESTERRAR
5.
Noite, como que um gosto
por dentro. E de nós, cada mentira
que a língua saberia
quando se recolhe e afunda
em seu veneno.
Dormiríamos, lado a lado
com tal fome, e neste fruto,
nossa luta, viraríamos o nome
do que nomeamos. Como se um crime, sonhado
por nós, pudesse maturar a frio -- e derrubar
as negras árvores, espeinhos,
que drenam a história dos astros.
Tradução: Caetano Galindo.
Noite, como que um gosto
por dentro. E de nós, cada mentira
que a língua saberia
quando se recolhe e afunda
em seu veneno.
Dormiríamos, lado a lado
com tal fome, e neste fruto,
nossa luta, viraríamos o nome
do que nomeamos. Como se um crime, sonhado
por nós, pudesse maturar a frio -- e derrubar
as negras árvores, espeinhos,
que drenam a história dos astros.
Tradução: Caetano Galindo.
365 dias com poesia, 02 de abril de 2013 -- VERÃO
VERÃO
A Rainer Maria Rilke
meço o tempo
pelos olhares de contas em que aconteço
espremo em mim verdades
que ainda não testei
espero e sei
que esperar é crescer
(cantar é crescer)
como a seiva de uma árvore estrangeira
estranhei as poucas folhas de primavera que chorei...
(os verões verão que esperei)
A Rainer Maria Rilke
meço o tempo
pelos olhares de contas em que aconteço
espremo em mim verdades
que ainda não testei
espero e sei
que esperar é crescer
(cantar é crescer)
como a seiva de uma árvore estrangeira
estranhei as poucas folhas de primavera que chorei...
(os verões verão que esperei)
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Paul Auster, poema 4 do livro DESTERRAR
4.
Váticos lábios, desmamados
de imagem. O mudo
aqui, que aguarda, qual urna,
encantado. A praga transborda
profecia: a rosa glacial
lega abrolhos ao alento
que lida rumo a olho
e oblívio.
Há que só nos prepararmos.
Desde o primeiro passo, nossa voz
está em conluio
com as pedras do campo.
Tradução: Caetano Galindo.
Váticos lábios, desmamados
de imagem. O mudo
aqui, que aguarda, qual urna,
encantado. A praga transborda
profecia: a rosa glacial
lega abrolhos ao alento
que lida rumo a olho
e oblívio.
Há que só nos prepararmos.
Desde o primeiro passo, nossa voz
está em conluio
com as pedras do campo.
Tradução: Caetano Galindo.
Paul Auster, poema 3 do livro DESTERRAR
3.
A via cega se grava
em tua mão: leva à voz
que vendeste, e vai sangrar, uma vez mais
no forcado forjado no sono deste
braile. Um alento
escala o pavio deste meu balbucio,
e acende o ar que nunca se vai
retratar. Teu corpo é teu próprio
fardo medido. E caminha com o peso
do fogo.
Tradução: Caetano Galindo.
A via cega se grava
em tua mão: leva à voz
que vendeste, e vai sangrar, uma vez mais
no forcado forjado no sono deste
braile. Um alento
escala o pavio deste meu balbucio,
e acende o ar que nunca se vai
retratar. Teu corpo é teu próprio
fardo medido. E caminha com o peso
do fogo.
Tradução: Caetano Galindo.
365 dias com poesia, 01 de abril de 2013 -- Criança-esperança
Criança-esperança
À Beatriz Souza
Bonito ver na criança
Um olhar sem esperança
Um olhar que não anseia por esperança
Porque ainda não se dá conta da dificuldade da escolha
De estar vivo
Bonito ver na criança um olhar sem esperança
Porque puro
Único
Livre
Um olhar do e no presente de estar vivo
Um olhar que não anseia o futuro
Um olhar apenas um olhar
Que nos dá
Esperança de continuar
(apenas um olhar azul)
À Beatriz Souza
Bonito ver na criança
Um olhar sem esperança
Um olhar que não anseia por esperança
Porque ainda não se dá conta da dificuldade da escolha
De estar vivo
Bonito ver na criança um olhar sem esperança
Porque puro
Único
Livre
Um olhar do e no presente de estar vivo
Um olhar que não anseia o futuro
Um olhar apenas um olhar
Que nos dá
Esperança de continuar
(apenas um olhar azul)
Assinar:
Postagens (Atom)