terça-feira, 29 de outubro de 2013

365 dias com poesia, 29 de outubro de 2013 -- Sonetinho do falso Fernando Pessoa



Sonetinho do falso Fernando Pessoa

 

"Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
Muitas há que não vi.

Sem mim como sem ti
Posso durar. Desisto
De tudo quanto é misto
E que odiei ou senti.

Nem fausto nem Mefisto,
À deusa que se ri
Desse nosso oaristo*,

Eis-me a dizer:assisto
Além, nenhum, aqui,
Mas não sou eu, nem isto.".

* conversa íntima

 

Carlos Drummond de Andrade

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