Esta vasilha, com a asa
onde um passarinho levanta
seu bico ansioso, foi delícia
de sua dona. Logo o áspero
escândalo estrangeiro
sufocou os murmúrios
da lida diária. Logo o tempo
-- o cauto, o taciturno --
com astúcia e paciência, foi apagando
a fumaça, a névoa dos dedos
de suavíssimo bronze. Depois veio
o sol de novo, e os olhinhos
redondos do bichinho
olharam cegos.
Foi, quem sabe,
desde o começo, este vazio
a razão do seu sobressalto?
O oleiro
misturou na argila o desamparo
e lhe fez o ser de assombro.
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