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Cézanne descreve a Gasquet este difícil processo de "realização", desta feliz união entre percepção da natureza e criação artística, com o seu gesto característica: "Não deve haver um único ponto demasiado fraco, um orifício por onde se escape a emoção, a luz e a verdade. Eu domino toda a minha tela, ao mesmo tempo, globalmnete. Aproximo, com o mesmo impulso, com a mesma fé, tudo o que se dispersa. A natureza é sempre a mesma, mas nada resta dela, daquilo que nos aparece. A nossa arte deve provocar o calafrio da sua realidade, com os elementos e com a aparência de todas as transformações. A arte deve fazer-nos gostar dela eternamente. Se o mínimo elemento intelectual se mistura com ela, perde-se o "processo transformador", com o Cézanne chama essa conversõa de dados visuais em criação plástica.
A arte é uma harmonia paralela à natureza, diz Cézanne. O pintor deve limitar-se a copiar a natureza; deve interpretá-la, sem se dissociar totalmente de sua contemplação. Para Cézanne, o artista é semelhante a uma "placa sensível à luz", que deve banhar nas percepções da natureza. Depois, vêm o processo técnico, a escolha dos elementos, a transformação e a interpretação. Cézanne fala de dois processos simultâneos, de dois textos que devem conseguir sobrepor-se perfeitamente: "Ele conhece bem a sua língua, o texto que decifra, os dois textos paralelos, a natureza vista, a natureza sentida, a que está ali fora e a que está aqui dentro (batia na testa), ambas têm de se amalgamar, para durar, para viver, a vida da arte... a vida de Deus. A paisagem reflete-se, humaniza-se, é pensada dentro de mim. Eu, objetivo-a, projeto-a, fixo-a na minha tela.
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