DESASTRE
Há
quem pretenda
que seu poema seja
mármore
ou cristal – o meu
o
queria pêssego
pêra
banana apodrecendo num prato
e
se possível
numa
varanda
onde
pessoas trabalhem e falem
e
donde se ouça
o barulho da rua.
Ah quem me dera
O poema podre!
a
polpa fendida
exposto
o
avesso da voz
minando
no prato
o
licor a química
das sílabas
desintegrando-se o cadáver
das
metáforas
um
poema
como
um desastre em curso
Ferreira
Gullar
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