A fábula do dia
Termina na garganta da tarde
Detúnica roxa. Somente arde
A última palavra desmedida,
A do amor que não se acaba nunca,
Final mentira.
A noite, besta triste.
Chega insone e calada.
Nem um anjo a acompanha,
Nem a esperança sabe a sua medida.
Quando a luz retorna
E a aljôfar adoça as graminhas
Da aurora, sempre desesperada,
Se enforca no cipreste da manhã.
A noite, besta ávida.
E de sua morte se alça o novo dia
Fatigado de dores e enganos.
(Tradução: Thiago de Mello).
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