Falam pouco as árvores, se sabe.
Levam a vida inteira meditando
e movendo os seus ramos. Basta vê-las no autono,
quando se juntam nos parques
só conversam as mais velhas,
as que repartem as nuvens e os pássaros,
mas a voz delas se perde entre as folhas
e muito pouco nos chega, quase nada.
Como é difícil encher um livro
com pensamentos de árvores.
Tudo nelas é vago, fragmentário.
hoje, por exemplo, ao ouvir o grito
de um tordo negro, já a caminho de casa,
grito final de quem não aguarda outro verão,
compreendi que em sua voz faltava uma árvore,
uma de tantas,
mas não sei o que fazer com esse grito,
nem sei como anotá-lo.
(Tradução: Thiago de Mello)
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