quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Francisco Matos Paoli, poeta portoriquenho

Porque sou o poeta,
de quem a palavra burla,
preparo o céu para este mundo vão.

E quando chocam os seres,
que impassível evasão, que pavio de chama
enterrada,
que decisão baldia
querer que todo poema se levante do ruído
e possa representar a ideia,
o fantasma infinito dos voos,
a eucaristia que se reconhece
pela maneira de partir o pão.

Sei que o vizinho faz uum esforço
grande
para ser homem,
sei que devo falar com harmonia,
apaziguar o leão que devora o crepúsculo.

De repente me eterneço,
me lanço na corrente nobre,
espanco os astros com a mão e digo:
melhor é o silêncio quando se está morto
e nem podemos melhorar o dia
comum
preso à nossa lágrima.

Ma tenho que lutar e lutar.

Lúcifer é a incomunicação,
o fácil soletrar que idiotiza,
o sedente que
por abundância de atmosfera
põe a perder o pranto,
essa tatuagem do esquecimento
que ainda fica no encarnado.

Quisera viver
sem ter de ser profeta,
estar aberto na água como a flor de lótus,
perder o rstro da noite,
não sustentar mais a pérola do absimo,
fugir para o cafezal florido
que louva em simplicidade.

Mas é impossível, Deus meu.

Se não enlouqueço agora,
O que será do sêmen da imagem?
Para que desejo o endurecido
símbolo dos grandes congelados da história?

Para que sou farsante
Que se desvie na memória fugidia,
Todo rodeado de margens,
Todo povoado de insbstância,
Todo clamante no deserto.


(Tradução: Thiago de Mello).

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