porque venho de um lugar
onde parece que sempre vai chover
e a água se resolve em pedra e bruma
porque volto
para onde meus vivos vivem
onde meus mortos jazem sob ciprestes
de opaca raiz escura e sobem
azuis e ondulantes debaixo do céu
de esmalte de um céu distante
para cingir as cinturas
como adolescentes alvoroçando o ar
como uma Santa Rita com seu laço de amor,
enamorados
no meio exato da luz alegre
porque volto a meus lares
onde o mundo é festa
quando o azeite de ouro dos dias
se cozinha o alho da vida
o mundo é festa
quando a montanha ama se ama com a nuvem
sob o branco sorriso dos deuses
quando os rios copulam
com a lava escondida das rochas
quando a árvore avermelhada do outono estende
para o verão os brotos germinais
que balançarão a brisa excitada
pelo salto suspenso do gamo
o vertical aroma do jasmim
e a perfurante pecunha do bisonte.
O mundo é festa.
(Tradução: Thiago de Mello).
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