Esta mão apanha o fruto.
A outra o afasta.
A mão recebe o falcão, tira uma luva,
a outra o afasta, agarra uma tocha.
Esta mão escreve cartas de amor
que seu equívoco siamês povoa de injúrias.
Uma bendiz, a outra ameaça.
Esta desenha um cavalo,
a outra, um puma que o espanta.
Pinta um lago a mão direita:
o afoga num rio de tinta, a esquerda.
Esta mão traça a palavra pássaro,
A outra escreve a sua gaiola.
Há a mão de luz que constrói escadas,
uma de sombra que abranda seus degraus.
mas chega a noite. Chega
a noite, quando cansadas de se ferir,
fazem trégua em sua guerra,
querem procurar o teu corpo.
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