quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eduardo Carranza, REGRESSO COM ILHAS E JASMINS

Esse jasmim estrelado
onde as meninas pelo ar
se esqueceram dos seus olhos,
esse jasmim.

Esse sorriso só de água
de largo corpo estendido
umedecido de estrelas,
esse sorriso.

Essa dourada garganta
que iluminava a manhã,
pele de aroma e goiaba,
essa garganta.

Essas ilhas como pausas
de beijo e brutal delícia
por entre a vida do rio;
essas ilhas.

Essa moleza oscilada
da rede que penduravam
os cravos azuis do sonho:
essa moleza.
E essas nuvens que eram já,
já toda, toda a poesia,
glossário branco do céu;
e essas nuvens.

2.
Eu era olhos, mais nada.
E o anel do céu perfeito
por sobre as últimas árvores
me deu o final do mundo.

Um pássaro apenas visto

- sonhado? se não recordo --
dentro da tarde me deu
inteiro o maravilhoso.
Este regresso infinito
porque o céu daquele rio,
por sua janela de água
não me reconheceria.

Esse jasmim estrelado,
essa manhã, essas ilhas
de sol e níspero, esse
dourado vento redondo
desses dias.

-- O tempo é esse mar subindo
e que inunda nossa vida.
-- Agora somente as nuvens.
                -- As nuvens?
    

Nenhum comentário:

Postar um comentário