Segundo Schiller, dois "gênios" acompanham o homem: o sentimento do belo e o sentimento do sublime.
O primeiro nos conduz de maneira agradável e lúdica até os lugares mais perigosos, até os confins do conhecimento da verdade, da beleza e do dever. O sentimento do belo é antes estético, uma vez que reconcilia sensibilidade e razão. Em contrapartida, existem objetos feios e repulsivos para a sensibilidade, que contrariam igualmente o entendimento e, não obstante, exercem intensa atração sobre os homens.
Ele ilustra isso com o conhecido exemplo da paisagem que enfeitiça nossos sentidos, harmoniosa, tranquila, transmitindo-nos uma sensação de calma e serenidade: passamos por uma experiência venturosa na companhia do belo. Ele então imagina a chegada de um temporal: o céu escurece, trovoadas e raios estrondeiam. Mesmo assustados ante o sombrio espetáculo, intimidados e angustiados, somos irresistivelmente atraídos pelo que contemplamos. É quando surge o segundo companheiro, "silencioso e grave", o sentimento do sublime. Em sua presença, é apenas o espírito, livre da sensibilidade que deve agir segundo suas próprias leis. É um sentimento misto, penoso como um calafrio e alegre até o êxtase. Surge de uma cisão entre sensibilidade e razão, entre o homem psíquico e o homem moral. O primeiro constata o quão frágil e limitada é sua natureza; o segundo sente-se superior, livre de qualquer limitação, experimenta uma força que o aproxima do infinito.
Schiller propõe um segundo exemplo do sentimento do sublime, sem dúvida intimamente ligado à sua vida pessoal: um homem de "belo caráter" é acometido por uma doença súbita; caso preserve a virtude, a vontade de cumprir com o dever, ele conhecerá a "revelação da força moral absoluta, que não está subordinada a nenhuma condição da natureza". O homem ferido sente então, junto com a dor, uma volúpia de liberdade que nenhum prazer sensual poderá fazê-lo sentir".
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