Heine é uma das encarnações da figura do pária, que, integrando a "tradição oculta" do povo judeu, exprime uma nova ideia do homem. Ao lado de Bernard Lazare, Charles Chaplin e Kafka, ele representa uma concepção singular daquele que mora na fronteira, na margem, na errância.
O pária caracteriza-se por uma espécie de insolência alegre, de despreocupação, aprecia a simplicidade da vida, sente-se próximo da arraia-miúda. "O pária, à margem da hierarquia da sociedade(...) desvia-se de tudo que o mundo social pode proporcionar, deleitando-se com os frutos da terra. Heine é um pária feliz, que se livrou de uma hierarquia social coercitiva, que recuperou a liberdade de pensar e rir da estupidez de seus irmãos humanos. É essa alegria "pagã" que insufla sua poesia: "Nem a crítica literária nem o antissemitismo podem extinguir essa popularidade que se enraíza na proximidade original do pária com o povo".
Nenhum comentário:
Postar um comentário