(...) Para o homem a questão decisiva é esta: você se refere ou não ao
infinito? Tal é o critério de sua vida. Se sei que o ilimitado é
essencial então não me deixo prender a futilidades e a coisas que não
são fundamentais. Se o ignoro, insisto que o mundo reconheça em mim
certo valor, por esta ou aquela qualidade que considero propriedade
pessoal: "meus dons" ou "minha beleza", talvez. Quanto mais o homem
acentua uma falsa posse, menos pode sentir o essencial e tanto mais
insatisfatória lhe parecerá a vida. Sente-se limitado porque suas
intenções são cerceadas e disso resulta inveja e ciúme. Se
compreendermos e sentirmos que já nesta vida estamos relacionados com o
infinito, os desejos e atitudes se modificam. Finalmente, só valemos
pelo essencial e se não acedemos a ele a vida foi desperdiçada. Em nossa
relações como os outros é também decisivo saber se o infinito se
exprime ou não. (...)
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