segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Caro amigo

é pela falta de comunicação que as palavras existem se fosse fácil falar amar todos os problemas estavam resolvidos se fosse v erdadeira a sentença que por isso existem juízes para verificar a verdade da coisa real a realidade normalmente nos machuca tanto que tantos são os momentos que queremos esquecer que nos esquecemos de quem somos e do tanto que sonhamos e de quem deveríamos dizer amar portanto voltamos ao começo de saber que não nos comunicamos por esquecimento e nos deixamos levar por vários tipos de arremedos que inventamos gostar e bebemos para esquecer ou comemorar e seguimos tendo opinião ao invés de tentarmos nos cativar uma paixão e aí tudo fica sem graça e a graça passa a ter razão

sábado, 29 de dezembro de 2012

Jung, Memórias, Sonhos, Reflexões (fragmento 3)

(...) Nossa época colocou a tônica no homem daqui, suscitando assim uma impregnação demoníaca do homem e de todo seu mundo. A aparição dos ditadores e de toda a miséria que eles trouxeram provém de que os homens foram despojados de todo o sentido do além, pela visão curta de seres que se acreditavam muito inteligentes. Assim o homem tornou-se presa do inconsciente. Sua maior tarefa, porém, deveria ser tomar consciência daquilo que, provido do inconsciente, urge e se impõe a ele, em vez de ficar inconsciente ou de com ele se identificar. Porque nos dois casos ele é infiel à sua vocação, que é criar consciência. À medida que somos capazes de discernir, o único sentido da existência é acendermos a luz nas trevas do ser puro e simples. Pode-se mesmo supor que, da mesma forma que o inconsciente age sobre nós, o aumento de nossa consciência tem, por sua vez, uma ação de ricochete sobre o inconsciente. (...)

Jung, Memórias, Sonhos, Reflexões (fragmento 2)

(...) Para o homem a questão decisiva é esta: você se refere ou não ao infinito? Tal é o critério de sua vida. Se sei que o ilimitado é essencial então não me deixo prender a futilidades e a coisas que não são fundamentais. Se o ignoro, insisto que o mundo reconheça em mim certo valor, por esta ou aquela qualidade que considero propriedade pessoal: "meus dons" ou "minha beleza", talvez. Quanto mais o homem acentua uma falsa posse, menos pode sentir o essencial e tanto mais insatisfatória lhe parecerá a vida. Sente-se limitado porque suas intenções são cerceadas e disso resulta inveja e ciúme. Se compreendermos e sentirmos que já nesta vida estamos relacionados com o infinito, os desejos e atitudes se modificam. Finalmente, só valemos pelo essencial e se não acedemos a ele a vida foi desperdiçada. Em nossa relações como os outros é também decisivo saber se o infinito se exprime ou não. (...)

soluços

use e abuse do tempo
único momento em que estamos sós
conosco
convoco o gosto do osso antigo
tusso e remo
finjo e gemo
com palavras que são minhas
somente os dormentes não sentem
e sentimos sempre
tudo
solamente fingimos
sorrir
achando que ajuda prosseguir

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

templo

contemplo o tempo
sinto o vento
indo
sigo o vento vindo
sinto-me pleno
no tempo
da solução
que está em mim
a tempos
contemplo a razão
a emoção
me trouxe o vento
seu movimento
meu movimento
vida
rezada siga cada pisada
no templo
cada uma a seu tempo
me mostrará quem sou

TEMP(l)O

templo
tempo
prece

centro
membro
emerge

templo
tempo
esquece

sendo
vento
enfurece

Jung, Memórias, Sonhos e Reflexões (fragmento)

(...) Quanto maior for o predomínio da razão crítica, tanto mais nossa vida se empobrecerá; e quanto mais formos aptos a tornar consciente o que é mito, tanto maior será nossa quantidade de vida que integraremos. A superestima da razão tem algo em comum com o poder de estado absoluto: sob seu domínio o indivíduo perece. (...)

Caverna

...nostalgia de luz
em olhos animais
tristeza azul
de alma
pungente
atmosfera
experiência de solidão
primitiva
caverna

(consciência)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

365 dias com poesia

   Depois de lançar meu sétimo livro RASCUNHOS POÉTICOS, me senti exaurido e precisei descansar, ler e pensar, pensar muito sobre o que faria em 2013.
   Como grande parte dos poemas desse livro foi feita para o projeto de um poema por dia, chamado 365 dias com poesia -- quando enviava, em 2010,  por E-mail, para cinquenta pessoas, os poemas que escrevia --, resolvi reeditá-lo, como forma de me motivar para continuar escrevendo.
   Há algum tempo não teria necessidade de motivação para escrever, pois do acúmulo de quarenta e dois anos sem fazê-lo muitos poemas estavam estacionados em mim.
   Agora, depois de sete livros, já há a necessidade de procurar espaço na vida para continuar a traçar em linhas, nada gerais, tudo o que me fascina. Música, cinema, literatura e principalmente pintura são meus temas preferidos e deles já existem o início de alguns futuros projetos.
  Isso tudo para dizer que em 2013, então, teremos mais poemas -- um por dia! Também forma de agradecimento pelo apoio recebido nesses anos de labuta literária e musical!
 Que venha o ano de 2013!

Abraços, Marco Plácido.

domingo, 23 de dezembro de 2012

dentista

não sei se devo falar...ás vezes me vejo sendo um velho homem querendo relembrar e da lembrança gostar de chorar esperança de tudo aquilo que me trouxe até aqui e me fez estar ainda aqui ferido mas sorrindo dentro das minhas parcas possibilidades todo dia voo e voo como só uma borboletra poderia voar em letras encontro sempre um caminho de volta e me pacifico esperando que outros olhos vejam tudo aquilo que estou plantando e não são sonhos desculpem não posso concordar com uma palavra que engorda mas minimiza o jardim de doces em que estou cativando um futuro menos duro mais ou menos como um dentista que arranca os dentes de leite porque sabe que logo num piscar de olhos aquelas crianças que sangram serão adultos que sangram esse desejo de ver o que está a me esperar que chamam de esperança chamo de vontade e calor um sol por isso durmo sem cobertor e me sinto tranquilo quando alguém desconhecido vem em minha direção como se houvesse uma conspiração de emoção como se todos já soubessem que um poeta só morre por falta de crença

sábado, 22 de dezembro de 2012

Agradeço o cimento

Agradeço o cimento de sua amizade, sinceridade nos dias de hoje é quase como descobrir um veio de ouro, um velho me disse não ser idoso, preferia ser ferido com a verdade, tinha envelhecido e apesar de se sentir magoado, mais com o jeito do que  com as palavras, sabia que isso é uma coisa irreversível. Somente os dormentes não sentem a chegada da experiência, pelos jovens chamada de caretice, pelo menos jovens chamada de saudade.

Agradeço o cimento amalgamado em mim e que teve origem! Meus pais, Jorge e Bertha, e meus irmãos, Luiz e Frederico,   me ensinaram o valor de ter coragem de ser do jeito que sou, sem meias palavras, sem caretices ou meiguices, que muitas vezes escondem objetivos difíceis de serem digeridos por quem não gosta de sapos!

Agradeço o carinho de todos que leram alguns dos meus livros e/ou foram a alguns dos meus shows! Nesses tempos de trânsito insuportável e lei seca sair de casa é um grande ato de coragem e amizade! Espero ter retribuído com canções que, pelo menos por um momento, fizeram a garganta lembrar que os olhos existem!

Agradeço e reconheço que algumas críticas foram importantes para a minha melhora pessoal. Sempre explico que não me vejo poeta ou cantor, me vejo sendo cada vez mais eu. E nesse sentido todas as tentativas, dando certo ou não, se prestam ao meu aprendizado, o que com certeza redundará num molho de vida mais encorpado, que se evidenciará nos poemas e nas músicas!

Agradeço a todos que mais diretamente lidaram comigo, sabendo da dificuldade de conviver com um cara que não aceita nada feito de orelhada. Pretensão, dinheiro, descanso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém! Tudo que faço é para ser lido, visto e /ou ouvido e, como sei que as pessoas gostam do melhor, mesmo às vezes não se dando conta disso, procuro oferecer o melhor!

Agradeço à minha esposa Angélica e aos meus filhos: Vinícius, Victor e Thiago, pelo amor e carinho, de tentar entender que tudo o que eu fiz e que agora já faz parte de quem sou, foi extremamente necessário e foi feito por amor! Sim amor, sentido, aprendido e mais escrito do que falado, admito, mas amor!
É que no silêncio das palavras consigo explodir em humanidade e dizer amar a todos que como eu necessitam de amor!


Bom Natal e Excelente 2013!!!

Marco Plácido.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do Mundo

de uma batida de carro meu filho Vinícius renasceu dos dezenove anos passou a um e o bebê terá seu primeiro novo aniversário comemorado no dia trinta de novembro de 2013 quantos de nós temos ou teremos uma chance de renascer?
nos treinamos a esperar e crer parar e temer olhar e não ver não ver é mais fácil? será que realmente não vemos? ou fingimos não ver? ao vermos temos que escolher parar andar ou opinar sendo mais fácil dar notícia aos outros daquilo que não sabemos escolhemos falar e lógico temos opinião sobre tudo sobretudo daquilo que não conhecemos ao tentar querer explicar o que muitas vezes não tem explicação escolhemos olhar o outro quando poderíamos tentar uma solução própria que nos levaria ao reconhecimento (cimento) necessário de quem somos e como nos adequamos ou não à nossa realidade normalmente escolhemos a ilusão essa uma verdade bebemos fumamos surfamos ouvimos música lemos viajamos cantamos tentando aplacar a solidão que sentimos dentro de nós por termos nos deixado esquecer daquela voz interna que pedia uma Ave Maria ou um presente ao Papai Noel, que existia, voz que nos definia e nos fazia sorrir quando ainda não temíamos os outros e ainda acreditávamos que uma simples oração traria alguma explicação essa reflexão é por conta do tão anunciado fim do mundo que poderia ter ocorrido no acidente do Vinícius e que ocorreu a todos os que morreram a pergunta que não quere calar é: e se o mundo não acabar como seguiremos as nossas vidas? 


(Agora, já sabendo que o mundo não acabou, o quê nos restou?)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

susto

...e tudo começou com a notícia que o pai de um amigo tinha feito um poema em homenagem ao meu irmão Frederico
aquilo para mim foi como uma facada como poderia alguém que não eu fazer uma homenagem ao meu irmão? quem brigava com ele era eu quem não conversava com ele era eu quem não sabia dizer amá-lo era eu então era eu que não poderia perder a oportunidade de dizer algo que ficou por dizer fiquei ferido durante alguns anos até que um dia tudo foi destampado e ninguém poderia dizer com a intensidade que disse o que havia faltado musicar o poema foi o mais fácil difícil foi cantá-lo nos primeiros shows que fiz para cantá-lo com o dever cumrpido continuo até hoje fazendo versos e melodias que canto já sabendo que a vida pode acabar a qualquer momento e por isso não sinto o medo que as pessoas imaginam que deveria sentir até porque o susto daquela despedida ainda está em mim

domingo, 16 de dezembro de 2012

Les demoiselles d'Avignon

Picasso aprisionou o tempo
presente entre
cinco corpos ardentes
inventou as tintas que nos feriram de vermelho
estancou o sangue com a graça
de máscaras
cerceou nossa capacidade de entender
riu
nos feriu
e
descobriu
a forma
cúbica
absoluta e culta
capaciadade de combater a solidão
que sentimos nos olhos
nossos
delas
dele

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PINTADOR!

Pintador
porque o sofrimento para começar certamente será apenas um dízimo
de tudo aquilo
que ficará registrado
as imagens falam mais alto
são os olhos de todos nós captados e pintados
das cores que devem nos emocionar
Pintador
portanto
pois se fosse pintor teria de explicar
se pintava paredes
até gostaria
com um :
FORA A HIPOCRISIA!
mas acho que as pessoas não sabem mais o que é isso
(por anestesia, acredito) e
artista plástico, mais abrangente,
não preenche
o signo de comunicação
que pretendo
ficamos assim com
Pintador
aquele que pinta a dor que é sentida durante o curso da vida

sombras

perseguidos por certezas fingimos compreendê-las e passamos a repeti-las quais papagaios nos servimos do discurso alheio que sem pensar reproduzimos por inteiro o problema é que esquecemos de quem somos e até onde pude apurar chega uma hora que tudo começa a desmoronar diante de nossos olhos que destreinados a olhar nosso reflexo esquecem que também temos sombras

decomposição

o azul não é uma combinação
é uma necessidade
esclarece
reconforta
esmaga a angústia
colocando-a de frente para o espelho
e explicitando suas rugas
sua nuca
sua funda preocupação enxuta
com o que será do dono desse corpo que está se decompondo
em suspiros
e desgostos

água

o calor de deserto
decerto
me afastou de algum tipo de pensamento
concentrado que estava em sobreviver
tomei água para ter lágriams para começar a escrever

algum

...é que às vezes prefiro me recolher
e da busca
do cheiro antigo
de um armário repleto de carinhos
lembrar mais uma vez de você
lembrar das tardes que acabavam mas sempre recomeçavam no dia seguinte
e das camisas amarrotadas e manchadas de amor
às vezes prefiro não escrever
para só mirar uma imagem na distância e continuar tentando lembrá-la
os barulhos da cidade atrapalham e por isso vou trabalhar de barca
para naqueles vinte minutos ouvir a respiração que para mim são as ondas
quebrando com a força da sua alegria que se foi
fomos juntos de alguma maneira o mundo já acabou
aquele mundo que existia foi cremado não mais existe porque sou outro e ouço de outra maneira tudo e todos não fazem mais sentido se é que também faço algum

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

po e si a

ar

re

pio,

entre

o

so

m

e o sil

êncio

tributário

diante de tanto espaço em branco e tão poucas palavras como deixar uma marca?
correndo como louco?
falando com todos que correm mais do que porcos?
ninguém quer ouvir falar da palavra
consciência
quem tem já acha que basta
quem não tem não sabe o que é
e fica olhando para o nada esperando a primeira oportunidade para vazar da conversa
rio de tudo isso e desconfio sempre quando querem resolver um problema começando com a implantação de um novo sistema tributário

barbante

quando o nó é perfeito
aperta o pescoço e como se tivesse ligação direta com os olhos torna o escrito espremido simples e com a mágoa que identifica que aquelas palavras são verdades o poema fica sincero e espera espero que isso seja o bastante

caminho

cato pedras
das
que pelo caminho
me deixou o poeta
pesam
e como pesam
as despedidas
envelheço
do peso
de carregar
notícias
que rimam
mas não são belas
são o que são
completas
de vida
de pedras
no cami nho que sigo sem saber

domingo, 9 de dezembro de 2012

artimanha

como transformar uma impossibilidade em arte?
quero pintar
mas não sei desenhar nem combinar as cores
nem a perspectiva da dor
nem sei mesmo quem sou e para quem falar
onde está a luz?

difícil artimanha

(calmos)

falta curiosidade
a pequeneza da certeza
traz tranquilidade
pacifica
acalma
nos relaxa
e para
quando podíamos delirar
de sonhar
inventar tintas
esquinas
lugares árabes
ou cariocas
espalhar paçoca entre as outras adultas crianças
felizes por não acreditarem no desejo alheio de frear-nos
todos os voos são feios
porque não controlados

desalmados
(calmos)

(Aninha)

(Aninha)

A vida é uma invenção
você pode reclamar da fruta
ou espremer o limão
o quadro pendurado pode estar torto
ou pode ser um Picasso
aquela antiga MPB pode ser
uma música nova
de um cara velho
o novo CD do Roberto é o mesmo de sempre
mais é bom
um Kibon é refrescante ou queima o lábio
podemos chorar o passado ou sonhar com a flor da árvore que plantamos e regamos chorando
tudo é lindo como diria Caetano (ou não)
dependo do nosso olhar de ilusão
a vida é barulhenta ou solidão

Parabéns da família Plácido: Jorge, Marco, Angélica, Vinícius, Victor, Thiago e Juninho (o au-au).

sábado, 8 de dezembro de 2012

portos inseguros

seus olhos
contém o mundo
de absurdos silêncios
de profundos suspiros sentidos  de parque
sem diversão

são porto para minha navegação
desalinhada
estremecida
lacrimejada de
entupidos significados
que nem ao menos sei explicar

seus olhos são tudo
inseguros
de sentidos
mas
seguros de
mimos
em que me entrego
presente
de olhos fechados de amor

calo

ingredientes de um grande pintador:
CALMA, para misturar as tintas
CALMA, para desenhar o essencial
CALMA, para descobrir a luz
CALMA, para pintar com o desespero necessário que espelhe o incrível olhar irado que precisa de calma para explicá-lo

caçadores

essencial
é aquilo
que nos deixa sem fôlego
sem coragem de cuspir
apesar do bolo de vida na garganta
não há possibilidade de grita
VIDA
visgo que irrita
que irradia
paixão
lodo que irrita a garganta da hipocrisia
que dá febre
que dá cheiro
que dá medo
que dá segredos
e nos põe
para caçar tempo
e prender ilusão

urbano

A Matisse

"tornar doce e saboroso tudo o que é amargo"
fácil?
doloroso processo
de inclusão
dentro de mim
borbulham desilusão
pavor
credo
estranho sentimento de nexo
perto
e tão difícl de alcançar
a mim mesmo
sendo
humano
e tendo
urbano ouvido de surdo
curto raciocínio absurdo
"se pudesse me isolar seria melhor!"
como?
nunca
(manca ilusão)
não nascemos para provar o gosto amargo da solidão!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

curva

mais bela do que a reta
sensual
elemento de prazer
arredondado lazer
ver- te é sonhar
verde recanto em montanha
sempre satisfeita em provocar
com sua elegância
ganância de olhos
simplicidade magnética
maior distância
imagética

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MARCO PLÁCIDO BRASILEIRO

BELLATOR

é essa luta-busca
por vida
essa instância elevada de despedidas
que magoa e mata o cerne de quem somos
como não nos deixar abater pelos outros?
que caçam palavras
colocando-as em gaiolas
quando deveriam deixá-las livres
cantando o sabor amargo de ter coragem de viver

progressão

o amor é uma dor sem cor e da dor às vezes nasce uma flor com cor que desperta o amor ele a dor ela a cor ela a dor ela a  flor ele o amor

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

tempo-luz

a luz é o tempo
o pintador
a conserva
como argumento
do discurso pictórico que pretende expressar
em pinceladas
reinventa o mar e a capacidade de um simples menino navegar
desafia limites jamais alcançados pelas palavras
que muitas vezes precisam de tradução
quando um olhar pintado perdido em qualquer idioma é solidão

lux

uma pintura na parede pode ser apenas uma recordação uma condecoração uma emoção ou o tempo demonstrado pela luz que influi no humor do pintor ou nos olhos do espectador derrubando certezas mais do que qualquer outra coisa

so(l)frimento

o poema da pintura
chama-se
luz
esperança
de tempo
motivo maior
de nosso sofrimento

daonde vem o sol?

chamado

se quando viajei em poucas palavras
em portuinglês
entenderam meu jeito
aqui
por competirem não entendem
mas satisfeito
reconheci esse pensamento
como sendo
um reconhecimento
de algo que poucos chamam de talento
enquanto
chamo
solidão

desenho infantil

...a diferença é a que sonhamos
mas
escondemos
nos escondemos
nos anestesiamos
durante anos
não tentamos
estamos
destreinados
desmobilizados
desmotivados
e coitados
às vezes nem conseguimos fingir gostar de um desenho infantil

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

a borboleta

o olhar
é o que determina
o que queremos ver
uma borboleta
pode ser
uma letra
uma flor
ou
um animal que nos ensina
que há transformação!

(não) padrão

aceitar ser tratados como invisíveis
esse o maior erro
precisamos nos juntar apenas para resolver
quem começará a falar, escrever, digitar
palavras que somos
sentimentos que somos
lodo grosso de hipocrisia que vomitamos
tudo aprendido pelos que se chamam adultos e experientes
em quê?
doutores de não saber
de nada
de graça
de farpas contra o não padrão
que entendem sem qualidade
quando
na verdade
o padrão é o já feito
o repetido
o nocivo
para nós que estamos querendo aprender
uma outra solução

navalhas

...quanto silêncio...

existem olhos esperando momentos...

existem arestas que devem ser aparadas com navalhas e se sangue sair é porque ainda há vida...

mentiras são pintadas de azul para parecerem bonitas, não enganam mas fingimos não perceber...


queria dizer algo positivo, mas é difícil diante dos falsos sorrisos que percebo...

Deus azul

às vezes duvido da existência de Deus
e duvido por estar atento observando a quantidade de desalento
de desatentos e de lentos processos pessoais tantas mentiras e inverdades
que duvido que alguém superior perdesse tempo com formigas quando poderia ter inventado adultos que fossem crianças na esperança ímpar de fazer um mundo ser azul apenas por ser a única cor

(as mentiras)

eu sei que você sabe que sei que todos estamos fingindo não saber
todos se pintam bebem e esquecem comem e esquecem e esquecem tanto que passam a acreditar nas mentiras que inventam para esperar tudo que irá acontecer

o susto


quando finjo
também finjo esquecer
que todos estão vendo
vendo e prevendo
quando a mentira acabará
ninguém quer ficar perto
do futuro furo
do futuro susto
quando ele acontecer
porque todos sabem que ele acontecerá

sábado, 1 de dezembro de 2012

cinto

questão filosófica da pintura:
quarta dimensão,
o tempo
que vocifera em meus pensamentos
sento e sinto
sinto e minto
(vivo e cinto)
para mim
dizendo querer conseguir entender algo
que poucos conseguem
(a vida)
que poucos perseguem...

(o amor)

essência

quando
eu for
saiba
nada mudará
o mundo é lindo
de cima das asas dos passarinhos
a distância
ás vezes
não atrapalha

quando
eu flor
saiba
tudo se ajardinará
o cheiro é findo
por isso
devemos cultivar
nossa
essência

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

SET LIST do show do dia 06/11 no teatro SOLAR DE BOTAFOGO

1 -- Contra


2 -- Crazy;

3 -- Fullgás;

4 -- Pedra;

5 -- À Cecília;

6 -- Sim;

7 -- O Alvo;

8 -- Little Wing;

9 -- Minas;

10 -- Papai me Empresta o Carro;

11 -- Brigas;

12 -- A Saudade/Blues do Medo;

13 -- Não Vá Embora;

14 -- Minha Alma.


(SURPRESA)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

tauromaquia

em algum momento
perdi a ilusão
e sem ilusão não há rima
que exprima,
não há sorriso que desminta,
minha sofreguidão

depois de anos
um selim e um guidão
nas mãos do artista
viraram touro
e fizeram um adulto
se iludir e se iludindo sorrir

capeta

estou a ponto de explodir
em tintas
jorrar vermelho
jogar amarelo
na tela
pingar azul
e nem olhar o resultado
invento uma explicação depois
e quem não gostar
que vá para o inferno
(pintar
suar
ou
opinar)

citação

...por isso é preciso
matar o poeta
ninguém acredita
nem quer acreditar
de fome
de raiva
ou de sede
é preciso matá-lo
para depois citá-lo
mais facilmente
sem correr o risco de nenhuma contestação

terça-feira, 27 de novembro de 2012

nós


EU BRIGO COM O MUNDO                                      ELA BRIGA COMIGO







EU BRIGO PROFUNDO                                               ELA BRIGA FECUNDO







EU BRIGO                                                                         ELA ABRIGO





EU                                                                                     ELA











                                         nós

Olvidos

PAREI DE FALAR!

Não porque não ache importante pensar
é que
apesar das pessoas terem dois ouvidos
elas não querem parar para escutar!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Iúnna Môrits, JANEIRO

Azul tão intenso vem ferir a janela,
tão próxima do rio, que a vontade que sentimos
é de afastar os olhos, como quem não tem coragem
de olhar para um ícone, de encarar um milagre.
Tanta névoa, tais continentes de neve
envolvem o dia que nossos ouvidos zumbem
e todo o mundo à nossa volta fica azulado.
-- Tu e eu, aprendizes de feiticeiro,
ali ficamos parados, congelados,
em nosso estúdio, no espaço
ao lado do quadro-negro pregado na parede,
a garganta seca, o olhar atento.
Cheia de arrogância, arrastarei
cada sílaba, cada minuto de vida
para a minha distância; e cada atulhada
barraca de feira com toda a sua tranqueira.
Tudo o que antes parecia irrelevante
modela agora nosso destino, entra-nos nas veias,
cola-se como um prefixo aos nosos nomes.
Cúmplices! Quero o para sempre de nosso amor
para todo mundo, até a corrupção do túmulo,
até a ferida aberta, até o verso
inconcluso: até lá onde a relva cresce e encobre
nosso peito e nossas mãos.
Azul tão intenso vem ferir a janela,
tão próxima do rio.

Natália Gorbaniévskaia, (fragmentos)

para I. Lavriêntevaia

A sineta do trem suspira, derrama poucas lágrimas,
mito inatingível.
O brilho de um fósforo tremula entre as grades da prisão,
o mundo inteiro desaparece.
A sineta cria asas, flutua dentro da noite.
Adejar entre os trilhos
como notas de música. Oh, como hei de te alcançar,
chuvosa plataforma da estação!
esquecida, insone, abandonada,
abandona e sem mim --
farrapos de nuvens como cartas descem a correnteza
até o concreto em que habitas
e, deixando uma trilha ao longo dos charcos
de paradas, foices, caudas,
como claves de sol ressoam acompanhando
o trem que partiu.


#


Alguém telefona, liga para mim à noite.
Alguém quer ouvir a minha voz, mas ele próprio
refugiou-se no bocal, sem um só suspiro,
com a alma comprimida entre o ombro e a orelha...

Víktor Sosnóra, INSPIRAÇÃO

Inspiração
é sopro ininterrupto
que, num dia de junho,
sobe aos céus
para desenhar;
curvado, calado,
                  mais de mil poemas
em um só minuto,
         num álbum pequeno,
depois avançar
por vias asfaltadas,
cantando avenidas
de aliterações
em corrida louca
e de assonâncias,
para que a rima,
fonte inesgotável,
              ofegue,
para que o ritmo,
como a navalhada,
                arda

sob o sol.

Aleksandr Kúshner, O ESTOJO DE DESENHO

Passados a idade madura, o horizonte
longínquo e tudo o que já aconteceu,
lembro-me de meu primeiro estojo de desenho
e de seu forro de flanela verde escura.
O tira-linhas em seu sulco
e os fabulosos gizes de cor.
Com a unha eu erguia a lingueta de ferro.
Pegava o gélido compasso,
abria-o e, como um acrobata de circo,
dava-lhe uma bela reviravolta
para que, demonstrando a sua precisão
ideal, ele voltasse, todo orgulhoso,
ao ponto de onde tinha partido.
Adeus, tintas sufocantes, adeus!
Que só me reste a suave ladeira!
Naquele tempo, a geometria
reinava e, com ela, reinava a harmonia.
E os meus gostos de menino
fundiam-se em uníssono com o século.
Mas por trás da vidraça estavam as Musas,
todas as nove, e falavam de mim...

domingo, 25 de novembro de 2012

jardineiros 2

não somos poetas
porque escrevemos
somos poetas
porque cativamos
sentimentos
plantamos palavras
colhemos lágrimas
sorrisos sozinhos
são bem-vindos
com outras mãos
melhores são
somos
mesmo sem ter escrito um poema
um menino ao tentar entender outra solidão
já é poeta
das palavras não escritas
mas poeta
das palavras não ditas
mas poeta
pela intenção de estender um tênue sorriso
como princípio

pintuta íntima

feita por tintas
algodão
sentidas
pinceladas
feridas
uma pintura
só se comunica
se aquilo
que lá está
fizer parte de nossa memória
afetiva
se as imagens contidas
já pertencerem
às nossas rotinas

esquilos

presentes?
os indiferentes se levantem e assumam ser o que são
indiferentes com o ser alheio
por que alheios àquilo que são!

olfato

latem
bom dias
buenas tardes
cospem euforias
olhos vermelhos que mentem verdades
e querem saber
identificar
uma flor pelo olfato?

(des) construção

quantos ao seu redor fazem florescer?
o sol, a água, a terra?
quantos ao seu redor constroem palavras
que edifiquem?
por que então acreditas que possas identificar algo diferente de ti?

I'm so sorry


sofri mas sorri

(desculpe-me, em inglês)

Murro

...um mundo
que morre de fome e de sede
se perde
em opiniões
dos que deveriam
(se) ajudar
derrubando mentiras
um mundo que poucos chamam de lar
em que alguns viajam se entupindo de besteiras
se esquecendo de aprender a ensinar
um mundo cheio para muitos
e de poucos com horizonte vazio
um mundo onde é muito fácil agredir, xingar
a diferença
enquanto tantos precisam combater
a indiferença
chamando a atenção para não morrerem nas pesquisas...

é muito mais fácil derrubar um muro
do que construir o futuro

sábado, 24 de novembro de 2012

intuitivo

a intuição
é a força da não explicação
do sentimento
ainda não percebido
a razão
é a explicação do sentimento
sofrido que ainda não foi dito

Monte Azul

Ouvindo Blue Monk, de e com Thelonious Monk

Monte azul
desmonte-me
em esperança
salve uma salva de palmas
plante-me
azul

Monte azul
monte uma estratégia
de vida
ensina-me
a sonhar
azul
tornar uma colher de sal
mar
um simples aceno
em declaração de amor

Monte azul
de longe
quero aborrecer-me
com sua moldura
e enxergar
flores azuis
piscina
acima do horizonte
dum monte de possibilidades
que façam de pedaços de papéis
mal recortados
arte

Monte azul
quebre-me inteiro
em sol
e das partes
faça-me
todo
toldo
do circo infinito
azul
de netos
felizes por sonharem
comigo
céu

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

alazão

mãe
não há mais o que dizer
eu nasci por você
sendo fruto
tenho o gosto de tudo o que me foi permitido viver
e vivi
não me escondi
e estou aqui
agridocemente
vivo
tentando me plantar
um outro princípio
inventar meios de suportar
chegar
sem esperar
sem claudicar
chegar sem saber o lugar
acreditando na essência
de flor
na qual acabei professor
diplomado que fui por vocês
em paz
confesso
sem seu sorriso é mais difícil
sempre lembro das nossas brigas
sacrifícios de dois espontâneos
adoradores do fogo de viver
mas com os meninos e minha flor
é menos duro crer
em tudo
em todos
os instantes
levo
aquilo que você mais me ensinou
brigar com os punhos fechados
segurando a vida na crina
galopando
e rimando
e vivendo
não por viver

Avós

Ouvindo Adios Nonito, com Astor Piazzolla

Oi, avô
Cá estou, lembrando
de tudo
de todos
orgulhoso de conseguir lembrar
de nossa breve história
se soubesse como me sinto
chegando aos sessenta sorrindo
querendo ensinar a sorrir
as crianças
como eu era
são almas
desconhecem as perdas
são portanto alegria
portentos de euforia
linda ilusão de amanhã
que devemos cultivar
como pétalas de uma rosa única
divinamente
rosa
da cor do seu olhar
para mim criança
e agora
também avô

Adeus, avô
ainda tenho esperamça
de que minhas palavras não sejam em vão...

Albatroz

A Picasso

cada pincelada
um pássaro
voo curto
sangrento
lágrimas diluindo
tintas
marcas de pensamentos
sofrimentos
de uma vida
consciente
onipresente
avassaladoramente
ardente
voraz

fugaz

atroz

Andrêi Vozniessiênski, GOYA

Sou Goya!
O inimigo planando sobre a planície sombria
                                               arrancou-me os olhos das órbitas.


Sou a angústia
Sou o grito de guerra
a cinza das cidades sobre a neve
                                   de mil novecentos e quuarenta e um.


Sou a fome
Sou a garganta da mulher enforcada,
                                                   sino que bate com o corpo
                                                                               na praça deserta.


Sou Goya!
Ó vinhas
da ira! Atirei, numa salva, na direção do Ocidente,
                                            as cinzas do intruso
e, num céu de memória, plantei estrelas duras
como pregos.
Sou Goya!

vampiro

Ouvindo Slepping, com Astor Piazzolla

...não resolvemos problemas abandonando pessoas...

todas que são abandonadas são estacas
no coração do vampiro que suga a capacidade e se espalha
em pó
cinzas de um momento anterior
que será o próximo futuro
redentor
na cabeça do homem morcego
que não sabe amar
e espera ser amado
pelo tom do seu discurso eterno
desafiador e vermelho
dentes afiados por medo
risada comprometedora de vaidade
abandonado pela eternidade que inventou quando sonhou

sofri

A Fernando Pessoa

sofri
liberto de mim
liberto em qual extremo?
em qual parâmetro me encontro?
liberto sofrendo?
então não sou livre
apenas invento um argumento
que me faça continuar
a me enganar
para me libertar teria que esquecer do princípio
inventar princípios
(prender-me a algo que desconheço)
com quais meios se temo o fim?
impressas estão tantas, todas, as coisas desde o começo...
liberto-me
esquecendo-me
de mim

Andrêi Vozniessiênski, BALADA DO PONTO FINAL

"Uma balada? sobre o ponto final?! a pílula que mata?!"
Bobocas!
já se esqueceram da bala que matou Púshkin?


Como através dos furos de uma clarineta, os ventos
assobiam pela cabeça esburacada de nossos melhores poetas.
Flecha a traspassar a baixeza e a violência,
a trajetória do sopro arremessa-se para a posteridade e,
de seu ponto final, jorram os começos.


Penetramos na terra como quem empurra as bandeiras da porta de uma
                                                                                                                        estação,


e o ponto final do túnel é negro como um cano de fuzil.
Onde desembocará? Na eternidade
ou no esquecimento?


Nem morte nem ponto final, só o caminho da bala existe,
trajetória nova de uma reta interminável.


Nossa frase nesta vida não tem ponto.
Ainda havemos de chegar à imortalidade --
     e ponto final!

Ievguêni Ievtushênko, VERLAINE

O guia cita Verlaine
mostrando Paris com um gesto eloquente.
Sua voz vibra emocionada, enternecida,
sob a chuvinha que de leve se esfarela,
e as estrofes sussurram sua água estrelada...
"Que música agradável,
não é, moço?!..."
Balanço a cabeça:
"É...agradável..."
Paris tm má memória.
Hoje em dia, é Deus em pessoa quem exige
que todo bom burguês possua o seu Verlaine,
encadernado e impresso em papel-bíblia.
Agradável, não é?!
Pois eu guardo para vocês
um cantinho de memória
-- onde, diabos, foi parar a de vocês?
Outrora, esse tal de Verlaine não passava
de uma pedra no sapato!
Quem te viu e quem te vê!
Sua figura não encaixava
em suas frases falsamente piedosas.
Por sua fraqueza diante de um copo
foi sempre tido e havido como um imoral.
Não estou exagerando, estou?
Olha só a careta que eles fazem...
Agradável?
Vocês o mataram, de morte lenta,
com isso tudo, meus caros senhores;
vibraram-lhe -- e pelas costas --
um golpe mortal, feito de sarcasmo e de maledicência,
de tudo com que se constrói a sua moral
e que reduz a cinzas todas as outras formas de vida.
Agradável...
acontecem coisas, neste mundo!
É com melancolia que eu penso
que às vezes matam os poetas
só para poderem citá-los mais tarde.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

esfregão

por várias vezes
tentaram
me culpar
por ingenuidade
imputar a mim um crime
que era minha vantagem
virei o jogo
aproveitando
a realidade
e passei a me entregar à ilusão
de dizer as verdades
rimando-as
como quem usa um esfregão

Músicos

músicos
são únicos
valorizam o silêncio
em sons e melodias
harmonizam
a solidão
orquestram nossos medos

(tênue segredo)

caras pintadas

tudo o que aprendemos
na mais tenra idade
nos foi ofertado
de graça
com graça
brincamos de aprender
depois
sem graça
nos forçam, nos forçamos a esquecer
ao acreditarmos em palavras palhaças
nos adequamos
e ainda nos dizem que na terceira idade teremos tempo de aproveitar?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

arco-íris

Busco pepitas
em olhos que sorriem
pedindo
perdão
por querer
buscar o encontro
como pétalas que caem sabendo da importância de cair
para nutrir a terra
na nova florada
que será piscada
e assim
até o arco-íris
se extinguir

elétrons

é físico
o vazio
é um caminho de possibilidades
fumaça de energia
elétrons de sabedoria
aproveitados
por todos aqueles
que tiverem coragem de acreditar
na mudança
que somos
quando queremos mudar

horizonte

nesse quadro
o azul é solidão
o vermelho, a raiva de sentir medo
o medo
um amarelo ocre
a terra do horizonte
a cor do sabor das lágrimas misturadas à saudade de ter de continuar

sabor da dor

os loucos e as crianças
não produzem
arte
produzem
possibilidades
de amor
senso de cor
de tonalidade
excepcionalidade
de sabor
arte
é feita pelos que inventam
aquilo que não sentem
plenamente

alada

para pintar
não é preciso
tinta
desenho
é preciso
sentimento
daquilo que se quer expressar
e antes
pensar
até o limite do absurdo
pensar na dor do mundo
e se soltar
e tentar
expressá-la

terça-feira, 20 de novembro de 2012

azul rosa

vejo o futuro
ele está no olhar da criança
a criatividade que planta
a semente da cor
brinca de ser feliz
inventando sabor
reinventando a cor azul da rosa
estabelecendo um novo tipo de sangue azul que é rosa
cor do amor de estar vivo

será?

seres somos? seres sonhos?
seres somamos? seres sonados?
seres serenos? seres sequazes?
seres símios? seres sinceros?
seres seriais? seres seminais?
seres sereias? seres suficientes?
seres seremos?

Gleb Gorbóvski, O BOSQUE

Não é feito de madeira
e sim de música --
sons que o atravessam.
Sento-me à sombra de um abeto,
como na cela de uma torre
e meu coração bate forte.
Vôo de bétulas,
quietude dos cogumelos
e o sopro da vida em cada célula;
sopro e mais que isso -- a luta
pela gota de umidade, como uma bolha,
no livre movimento das raízes.
As asas voejam para longe
de mim que não me movo.

Ievguêni Vinokúrov, fragmento do poema PÃO PRETO

(...)

Picasso dissecou o mundo em migalhas.
Arrancou o cerne do objeto,
     como se quebrasse louça!
O mundo se empina! Mais depressa! Sobre as patas dianteiras!
Lascas voam, voam cacos!
Cansado, ele desaparece por um instante.
-- Quê mais vocês querem? Não há mais alegri,
     só maldade.
Olha: um bar. Segue adiante. Olha: uma lágrima.
Uma lágrima escorre...
     Tenta dissecá-la, vamos!

Ievguêni Vinokúrov, ADÃO

O universo espelhou-se em seu olhar preguiçoso.
Ele pisou a relva ainda virgem,
estendeu-se à sombra de uma figueira,
   com o braço
sob a cabeça
   e adormeceu.
Seu sono foi doce, sem rugas,
sob um paradisíaco siL~encio anil.
...Em sonho viu os fornos de Auschwitz
e as fossas entupidas de cadáveres.
Viu seues filhos!
   Na tranquilidade do jardim,
um sorriso sereno banhava seu rosto.
Sonhava, sem nada compreender,
pois ainda ignorava o bem e o mal.

Olga Bierggólts, ANTES DA SEPARAÇÃO

Antes de partir, deixo-te tudo:
tudo o que há de melhor
                                        em cada ano transcorrido.
Toda a tua ternura passada,
                                             toda a fidelidade passada:
a ti, militar e terrível,
                                juro amor novamente, de joelhos
e, depois, levantando-me, digo-te adeus.
Nunca mais teremos, tu e eu,
esta ventura que nos eletrizou.
Mas guardarei para sempre, na minha
mais bela canção, a lembrança desta bandeira esfarrapada...
Deixo-te também a minha andorinha
que, após a viagem, teve a coragem de voltar,
furando o bloqueio, para o nosso lar miserável.
Nos momentos de solidão,
              tu a escutarás...
Levo comigo todas as nossas lágrmas,
todas as nossas privações,
              fracassos,
perigos,
todos os nossos desesperos,
              nossas decisões apressadas,
nossas dificuldades, nossa grande maturidade
e a canção de ninar que nunca foi cantada
-- sonhávamos com ela, tu te lembras?,
nas noites de guerra e de tempestade.
Nunca mais escutarás essa canção invisível.
Guardo-a dentro de mim, intacta...
Adeus querido. Amei-te com todas as forças.
E no momento da partilha, quero deixar-te rico.

Arsênyi Tarkóvski, VIDA, VIDA

1

Não acredito em presságios nem temo
Os pressentimentos. Não fujo nem da calúnia
Nem do veneno. A morte não existe.
Todos são imortais. Tudo Também.
Não há sentido em temer a morte aos sete,
Ou aos setenta. Só há aqui e agora, e a luz;
Nem morte, nem escuridão esxistem.
Já estamos todos à beira-mar;
E eu sou um desses que vasculham as redes
Quando um cardume de imortalidade passa nadando.



2

Se moras numa casa -- a casa não há de desmoronar.
Convocarei qualquer um dos séculos
E, depois, entrarei nele e, ali, construirei uma casa.
É por isso que os seus filhos e as suas mulheres
Sentam-se comigo em uma mesa,
A mesma para os ancestrais e os netos:
O futuro está sendo realizado agora,
Se ergo um pouco a mão,
Os cinco raios de Luz permanecem contigo.
A cada dia usei uma clvícula
Para ecorar o passado, como se fosse madeira,
Medi o tempo com cadeiras geodésicas
E marchei através dele, como se fossem os Urais.



3

Cortei o século na medida para servir em mim.
Andamos para o sul, levantando poeira acima da estepe;
As altas ervas daninhas fumegavam; o gafanhoto dançava
Tocando com as suas antenas a ferradura -- e profetizava,
Ameaçando-me com a destruição, como um monge.
Amarreia à sela o meu destino;
E mesmo assim, nesses tempos que aí vem,
Fico em pé no estribo como uma criança.
estou satisfeito com a ausência da morte,
Para que o meu sangue possa fluir de uma era para a outra.
E, no entanto, por um cantinho em cujo calor eu possa confiar,
Eu estaria disposto a dar minha vida,
Cada vez que a sua agulha voadora
Puxava-me, como uma linha, à volta do globo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Semiôn Kirsánov, A CASA VAZIA

Ó casa vazia
em que mora o medo,


onde as portas rangem
como as feras na estepe,


onde a mesa espreita
do chão, angustiada,


onde se escondem, nos cantos,
sombras monstruosas...


Ó casa vazia,
casa de duplo fundo --


lembranças do passado,
quartos vazios --


riso, amor; palavras,
velas e encontros...


Que paredes brancas!
onde estão as nossas


sombras do passado?
onde se escondem o riso


e os gritos de dor?
Sob o assoalho?


Ó casa vazia,
sem uma viva alma.


Nada em seu vazio,
nada, a não ser


palavras ocas, raivosas,
olhares amortecidos,
e dois estranhos -- nós dois.

Daníil Kharms, ANOTAÇÃO No 10 NO CADERNO AZUL

Havia um cara ruivo que não tinha nem olhos, nem orelhas. Nem tinha cabelos, portanto, chamá-lo de ruivo é uma coisa teórica.
Não podia falar, pois não tinha boca. E nem tinha nariz.
Não tinha braços nem pernas. Não tinha barriga, e muito menos costas; Não tinha espinha e nem qualquer tipo de entranhas. Não tinha nada de nada! Portanto, não há nem como saber de quem nós estamos falando.
ã verdae, é melhor que a gente nem diga mais nada sobre ele.

Leoníd Martýnov, A PEDRA PRECIOSA

Achei
Na quietude do campo,
lá onde os rios Istrá e Moská se encontram,
uma pedra com a forma de uma cabeça:
homem ou mulher, touro ou vaca.


Não acredito
num jogo de forças naturais
que pudesse produzir face tão forte,
uma pedra antiga tão enorme
que as águas não conseguiam fluir em torno dela.


Tinha de ser
um escultor primitivo que,
ao tocar a pedra com seu cinzel,
fundira numa só imagem
o seu próprio rosto e o da Natureza.


Ou talvez,
por remotos caminhos, tenha vindo
um artista grego que, a essa pedra antiga,
emprestou tanto os traços de Europa
quanto os do touro que a raptou.


Ou então,
sem nada saber de Zeus,
foi um eslavo, um selvagem sem arte alguma,
quem criou essa cabeça de donzela-vaca
a que se mistura a face de um touro-rapaz.


Em suma,
arranquei a pedra da lama em que se enterrava,
fiz enorme esforço para carregá-la em meus ombros,´pois não queria que tal beleza ali ficasse
por mais cem anos escondida.

Stepán Shtchipatchóv -- fragmento

Há um livro eterno do amor.
Alguns só folhearam
umas poucas páginas,
outros o leram, esquecidos de tudo,
orvalhando com lágrimas suas páginas.

Há milênios que o escrevem.
Nós também talvez deixemos nele nossa marca.
Arrastando as felizes cadeias do amor,
tendo provado seu tormento, beatitude e angústia,
ficarei feliz se, a esse livro,
puder acrescentar pelo menos uma linha.

Anna Akhmátova, OS MISTÉRIOS DO OFÍCIO

São muitas, seguramente, as coisas
que ainda querem ser cantadas por mim:
tudo o que mudo ressoa,
o que no escuro subterrâneo afia a pedra,
o que irrompe através da fumaça.
Ainda não ajustei contas com a chama,
nem com o vento e nem com a água...
É por isso que a minha sonolência
abre-me, de par em par, os portões
que levam à estrela da manhã.

peixes

presos num labirinto de perplexidade escolhemos fingir estar gostando da paisagem pintamos as paredes inclusive gastamos tinta onde deveríamos gastar solidão quantas vezes nos atemos ao que é importante? quantos anos vivemos ansiando por um futuro justo? quando o que temos é um presente enlaçado com o agora e o magoado olhar distanciado poderíamos nos esquecer e apenas tratar de viver apertados? a melhor maneira possível é não ver o vidro do labirinto? é negar o outro lado? poderíamos tentar entender que somos peixes num aquário?

flor: paciência

todos os dias
ensino-me
o tempo
paciência
respirar e sentir
os olfatos
que nos qualificam
que nos autenticam
com nós mesmos
flores de sentimentos
que no fim
deveriam ser o começo

netos eternos

depois da perda da ilusão
como resgatar aquela antiga sensação
da criança
que habita todos que ainda conseguem chorar?
me deixei partiir de mim e o resgate foi duro e quase impossível
e talvez só tenha ocorrido pelo susto da falta uma sorte danada de sofrimento em olhos de avós por netos que somos eternos

xilogravura

ranhaduras em madeira
ou chapa
que expressam a virtude da vida
que é continuar
apesar de tudo
apesar do nada
que nos incomoda e mata
o nada é a falta o falso o virtual
o presente é estarmos de mãos dadas
arranhando-nos
enfarpando (o)
sentindo
chorando e não mentindo
sensações
expressas
em tintas
amolecidas
em lágrimas
acabando
com o branco
do algodão

a priori

o sol lá fora ardendo
e eu aqui tremendo
por dentro por frio por fixos
pensamentos que articulam uma cultura de trêmula incidência
desistência fixa a priori
legado usado a posteriori
e quando acabam as rimas com i
fco assim
meio mole
(como se estivesse zangado mas é medo de não ficar)

domingo, 18 de novembro de 2012

azulilusão

oamorróioazuldamágoaeajudaasaudadedapalmaasalvarorestodesituaçãoazulilusão

gatos e galos

o tempo de busca é o mesmo de cura tudo que nasce é fruta maiúscula letra a de amar a sensação de inclusão tudo que se busca se consegue sem se desesperar a lágrima é apenas uma manifestação de saudade arte acontece quando se pensa em deixar saudade de tudo do todo que é concreto quando imaginamos o verdadeiro motivo tudo tem que ter motivo sem isso é apenas passatempo brincadeira de deixar o tempo passar sem se levar a sério sem querer brincar de ser eterno não vale a pena gastar árvores e letras gastar tinta pintando estrelas em teto de quarto alugado prefiro o mio do gato no cio ou o galo e o arrepio de se emocionar vendo o sol e cacarejar até nos acordar

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

coador

não quero falsas ilusões
ecoo as verdadeiras
perfume de rosas
vermelhas
recordações
em olhos
azuis meninos
inventei um princípio
que hoje é história

terça-feira, 13 de novembro de 2012

lago azul

mergulho no espelho


lago de reflexos

imagens de rimas possíveis

um bigode é um nexo

uma bochecha uma memória

perfume cheiro de lembrança

pintados pintam e pulam animados

a irrealidade do lago

que sustenta tanto tudo que tudo é o todo e o todo

é lodo desse lugar de ideias azuis

sóis (Letra: M. Plácido; Música: Jorge Veloso)


enquanto germino a palavra esperança

espera água e carinho

para poder nascer

recebe o sol

com prazer

de olhos que não sabem o porquê

das coisas

mas acreditam

sem precisar o motivo

acreditam e por isso frutificam

em olhares de girassóis

em milhares de si bemóis

que agitam os pés pequeninos de crianças sóis





(que somos nós...)

azedume

um blues


contém

o som das sombras

o azul da escuridão

cinzas de antiga fogueira

soluço de besteiras

ponteiros de um mundo

de segundos, segundas intenções

amor supremo

A John Coltrane

amor supremo
supremo amor
aos que sabem perdoar
e deixam a mágoa se espalhar em lágrimas que podem e devem molhar letras que virarão
borboletras apaixonadas
amor supremo
supremo amor
aos que sabem entornar
as próprias certezas em baldes cheios de sabão
e das bolhas enormes estourar as baboseiras aprendidas sem esforço durante um longo percurso
amor supremo
supremo amor
aos que ainda não perceberam
que continuar é nosso destino e que poderíamos inclusive rimar saudade com boa vontade
amor supremo
supremo amor
àqueles que querem sem vontade
querem tudo por vaidade
sem ter a motivação de se ajudando ajudar
amor supremo
supremo amor
aos que tendo ou não fé
exerçam a prática religiosa de estender as mãos aos mais necessitados
não porque seja certo mas porque é extremamente necessário
entender que quem tem um dom seja ele qual for tem de ser mais responsável

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Set List Do show do dia 06/12 no teatro Solar de Botafogo

1 -- Contra

2 -- Crazy;

3 -- Fullgás;

4 -- Pedra;

5 -- À Cecília;

6 -- Sim;

7 -- O Alvo;

8 -- Little Wing;

9 -- Minas;

10 -- Papai me Empresta o Carro;

11 -- Brigas;

12 -- A Saudade/Blues do Medo;

13 -- Não Vá Embora;

14 -- Minha Alma.

(SURPRESA)

poema de madeira

obra de arte
com a pressa
moderna
parte de floresta
que nos resta
resto de suor
no machado
revelador
do poeta
que tem que trabalhar seu medo
de derrubar no bíceps
parte do arvoredo
que lhe inspirou
e fazer a escultura possível
com a madeira que lhe servia de sombra

camisa


suas

palavras



mágoas



camisa molhada

do cheiro

de vida

coração

não pintaria minha rotina em paisagens bucólicas
onde está o mar de intenções
que desvela meu coração em farrapos?

sonhos passarinhos

...podamos/
podemos suportar
o ar que nos entope de vida
podemos confirmar todas as expectativas positivas
negando-nos?
podamos nosso caminho
ao esquecermos
dos sonhos passarinhos que tínhamos

de nada

nessa manhã de segunda
parece que o domingo se foi e levou consigo
uma parte de mim
o atrito
estou calmo e ouvindo os sons que definem o lugar
em que moro
morro de medo da calma
de não conseguir mais me irritar
de estar tão apaziguado
que não precisarei de nada
e de nada é não escrever, ler, cantar
viver

domingo, 11 de novembro de 2012

Fotos do lançamento do livro RASCUNHOS POÉTICOS, no dia 04/10, na Multifoco Editora.











produção

não há olho cansado de mãe
que morra
nunca ninguém será esquecido
a vida segue
esse é o princípio
e alguém sempre lembrará
de uma emoção
que seus olhos confirmaram
então viva para essa produção
e serás eterno

Morto vivo

Morto?
Vivo?
Vivo
Vivo
Vivo
Vivo
Vivo
Vivo
Vivo
Vivo
Morto!

Pelé


às vezes fica parecendo que eu amo a loucura

não

é a loucura que me defende

quem precisa de i-fone,

i-pod

ai, preciso urgentemente de gente

que fale pelos cotovelos

que babe de um jeito próprio

que peide

que seja humana



gente como a gente

que exerça o ato sagrado de feder

entende?

colores

se a morte
é certa
a vida é seta
bela
na sua possibilidade
de errar e aprender
aprender e fazer
fazer e ensinar
a tentar
imaginar
cores
impossíveis e
verdadeiras
na ilusão
de que tudo pode acontecer

imaginar é nosso destino

(-se)

a semente
letra
é plantada
na palavra
pelo confronto
pelo conforto
que é pensar
(-se)
na
natureza

sabiá

escrevo o que quero
o que quero escrevo
escrevo não é mérito
é desassossego
desassosego é mérito
e escrevo
escrevo escrevendo e vivendo
vivo escrevendo o que invento
inventando revivo o que reescrevo
reescrevendo me lembro vivendo
vivo relembrando e escrevendo

sábado, 10 de novembro de 2012

Philip Roth, escritor americano, sobre o ato de escrever

" Escrever é estar sempre errado. Todos os nossos rabiscos contam a história de nossos fracassos. Nâo tenho mais a energia da frustração, nem a força de me confrontar. Porque escrever é se frustrar: passamos todo nosso tempo escrevendo a palavra errada, a frase errada, a história errada. Nos enganamos sem parar, falhamos sem parar, e assim precisamos viver em uma frustração perpétua. Passamos o tempo dizendo a nós mesmos: isso não está funcionado, preciso recomeçar. Agora estou numa fase diferente da minha vida: perdi toda forma de fanatismo. E não sinto nenhuma melancolia.". (O Globo, de 10/11/2012).





estrelado

fisicamente impossível
quero estar em todos os lugares ao mesmo tempo
como princípio
como signo de criação
como uma nova estrela no espaço
como um pedaço de farto saber
estrelado

Big Bang

só existo
se sinto
se leio se como se vejo
é um começo
apenas
um começo
o todo é invisível
e lindo na sua impossibilidade
tudo acaba tendo
que passar pelo meu jeito
de encarar a emoção
desistir antes
é não explodir

irritado

se o tempo não existe
esse espelho é um sonho
um pedaço estragado de sono
uma mentira mal escolhida e deslavada
um retiro espiritual de intriga
um treco sinistro
um misto de calúnida e incompreensão
um mínimo denominador comum irritado

Texto taoísta

A tranquilidade na tranquilidade não é a tranquilidade real. Só quando existe tranquilidade no movimento pode aparecer o ritmo espiritual que impregna o céu e a terra.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mariana Angelito, poeta

A CHAMA

O que é a chama?
É a luz de quem ama?
É a luz, é o mito?
Ou será o infinito?

significância

quero aprender de novo
o antigo gosto
me fartar de saber
limar pedras
esquadrinhar estratégias
de não morrer
quero apodrecer
de sabor
retirar do pingo d'água
o éter
a eternidade
mais simples
que signifique

passadas

esse presente
foi conquistado
por passadas
(passado)
pés
coloridos
(mudos)
por
mudanças
danço
com futuras
gargalhadas
de ingenuidade

intuição e ação


intuição:



dor amor cor flor

amor cor flor dor

cor flor dor amor

flor dor amor cor



ação:


dor em amor é cor em flor

amor na cor é flor na dor

cor é flor com dor é amor

flor sem dor é amor sem cor

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

bobeira

seria tolo se
dissesse que Deus
(não) existe
coisa que não posso
provar
mas me parece
que a saudade
insiste em
não me deixar
desiste fácil
de mim não
solidão

obreiro

não é a língua
não o tipo de obra
o
que
me define
é a intensa busca
do tempo
que ainda
não veio

cobertor

coberto do pó
de
ontem
agasalhado
pelo
cobertor
com futuros
fecho os olhos
para o
presente
(qu é viver)

tempo presente eterno

terno
tempo presen-
te
quero e-
terno  presen-
te  esperei  on
tem
possível  presen-
te e terno

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

escultor

desafio ao movimento
uma escultura é
pedra bruta
que nas mãos do artista flutua

serpentes

não é desobediência
é fluência
sonoros signos suamos
sins sinceros serpenteamos
sinas sinais sumos suficientes
sofremos

ilusionistas

iludido
vivo
iludindo
vivo
iludo quem?
fingem
não perceber
finjo
não perceber
mas
percebidos
continuamos
tentando dizer
não haver
ilusão

possíveis ilusões

no fim tudo o que se tem é o que você sentiu viveu mentiu? perdeu possiveis grandes momentos ressentimento? talvez melhor achar que todos têm dificuldades e portanto não fazem nada torcem pelo time pela seleção torcem só e abrem mão de jogar a sua bola de sofrer as próprias contusões de imaginar suas próprias ilusões

vermelhos

verdades
que escorrem
em lágrimas
de recordações

sofrimento
em palavras
desconexas
porque diferem
dos olhos
vermelhos
da verdade
que grita
rica
em significados

esquilos

esquilos
escalam
a árvore
catando castanhas
laranjas
cavam o chão
em espetáculo
e da recordação
da sensação
se livram da fome
em clones
se divertem para não morrer

seu

está em mim e disso não me livro
letras são fôrmas
formas geométricas possíveis
ajudam-me a construir
peça a peça
os fonemas que irão fazer soar a canção do poema
que sou eu
seu

gotas

num canto sombrio de mim prossegue o encanto de ser poeta vago sentimento de pertencimento estranho porém pleno substância que não sei explicar ar dos pulmões que nasceu rima sina de juntar às palavras tormentos sentimentos que não apaziguam porque água azul do mar em gotas

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

azul giz

a espontaneidade da criança
que não se cansa
de esticar
os limites
dos desejos
não se esconde por medo
pintou o sol de vermelho
porque quis
e com azul giz
diz ser a montanha dos seus sonhos
que são usados todos os dias
sem mágoa

fabrincantes

um dia começa parado porque parado estamos vendo
a velocidade da matéria está em nossos sentimentos
esquecemos que viemos para sentir
e não mentir
mentimos tanto que sonhamos
se não mentíssemos
faríamos
brincando

dobra

esse presente
aqui do lado
é um pedaço do passado
dobra de futuro
perdoado?

esquinas

outro dia vi ali o amor parado na esquina dos seus lados olhando à sua volta como se estivesse sozinho e estava como se ansiasse por algum papo conversa sem laço que fosse só para passar o tempo como estamos fazendo ao olhar para televisão e evitar-nos

abrolhos

dentro dos seus olhos

sentimentos
passados
momentos
futuros
sonhados são
dentro dos seus olhos

minha ilusão

fotolitos

fotos...
ócio?
gosto pelo presente?
fotos...
futuro passado a limpo!

reflexos

mínimo conhecimento
máximo desrespeito
as regras
podem
e
quase sempre
atrapalham
limitam o tamanho do elástico
evitam riscos
que pelo menos no papel
devemos correr
para continuar a viver
sendo simples natureza de reflexos

motor

morto amor renasce
da insistência tênue
que rebate
ardência fresca
tinta em telas
plenas?

domingo, 4 de novembro de 2012

artifício

com quantos artifícios se conta uma história
a prosa prende não pelo significado
mas pelo pecado contado
pelos vícios que o escritor dá sabor
pela maneira típica que o autor
acelera ou atrasa nosso sofrimento ao ler o romance
diferentemente do poema
que se utiliza das palavras
para contar o que não está escrito

o princípio

histórias de experiências compartilhadas
são as palavras de um livro
qualquer livro
em princípio
vale a pena
não podemos
entretanto
confundir

ouvir
não é viver
não é sentir o gosto do doce
de morango
ou o amargo da perda
ler não é saber a dor de ter de continuar
sem respirar

entender o que está escrito
é apenas o princípio

sábado, 3 de novembro de 2012

vertigem

Ouvindo In a Silent Way, com Miles Davis

no caminho
do silêncio
silencio em mim
alguns argumentos
bobagem tentar convencer
todos querem tudo
e ainda não querem morrer
com isso esquecem de viver
a vida natural
sendo parte da natureza
esquecem-se de doar frutos
inventar o gosto do mundo
nos lábios que poderiam sorrir
esquecem dos absurdos
que nos fazem ouvir
um bando de nãos desejando sins
enfim
abandonam-se apodrecendo da vertigem que sentem com a virtude alheia

INvisívEL

EU NÃO SEI!

(e é isso que procuro o visível no escuro
o ouro que existe em cada pedaço de outro o suporte físico do ar
o olhar salgado amassado pelos nãos que exalam o instinto físico do amor
o abraço sacrificado de um gago o gajo que cante um blues acelerado em partículas lindas de uma física escultural pintadas em meus olhos de metal)

padeiros

quanta
tinta
desperdiçada
em falhas
homéricas
pequenas
batalhas
entre quase formigas
que falam
que estragam
o sabor da vida
tentando convencer

esquecendo do
ser que deveríamos
esquecer
e viver
lembrando dos
seres
que somos
para praticarmos
os sonhos

estátuas

na física newtoniana
o observador
queria ver um quadro
enquanto na atômica
o espectador
quer saber onde a estátua está

(não) existência

existir
persistir
não existir
estar aqui

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

PiC a SsO


um quadro




imaginando, sossegado



                              p                                                         AS CORES

                              e

                              n

                              s

                              a

                              n

                              d

                              o





                              

como seria Picasso

opinião

solidão

quando você cheira uma flor e tem opinião

conto

toda experiência é única
não adianta te dizer que queimei o pé
se você não conhece o fogo de perto
não adianta contar como é a perda
se ela ainda não te visitou
não adianta contar como um filho é um antídoto
contra toda a solidão
possível...

o amanhã

o que eu diria se você estivesse aqui?

talvez apenas soluçasse um lamento
talvez apenas agarrasse suas mãos com força
e urrasse sem som um eu te amo
tão forte que desmaiasse
talvez te recebesse com aquele sorriso que você inventou e levou
talvez não parasse de falar como quando fico nervoso
como um tolo esqueceria de te agarrar
talvez ficasse tão anestesiado pela visão da dor se personalizando
que me alisasse em cafuné e voltasse a dormir
esperando a manhã
(o amanhã) para sorrir

gomos

outra parte do sim é o não
da razão
a emoção
a felicidade se completa com a saudade
a idade com o nascimento
o senso com o sexo
o medo com o céu
o mar com o sal
o olhar com o adeus
até que sintamos apenas ser

apenas ser
sem achar que somos

relativo

a teoria relativista
seria como se o perfume dos espectadores
maculasse o olhar de duas crianças que brincam de pintar
se escondendo por instantes
dos olhares fotográficos
de adultos
desesperados por atenção

SOuL

quero tudo
porque tudo sou
tudo o mundo sol
céu sendo o todo
o foro acima
de nós
abaixo raízes
que insistem
em nos dizer quem somos

céu verde

não há caminho
em que os verdes sejam os mesmos
como nós
que mudamos
dependendo do enredo
e seguimos
como as folhas
caindo
e nutrindo
adubando-nos
não abandonando-nos
à própria sorte
trabalhando estudando
os sonhos
de realizar
algum tipo de construção
sem acreditar no
céu
que não é necessariamente azul
é da cor que queremos ver
e vimos
lindos momentos juntos
que acabaram como tudo
acabará um dia

Despedida

aos que deixaram saudades


não há como não sentir saudades
saudade é uma mistura de sal com a idade
envelhecemos e nos esprememos
tentando deixar de sentir
não conseguimos e acabamos sofrendo por tentar desistir
assumam esse gosto amargo
que pode se transformar em agridoce
se lembrarmos de quem fomos
de quem somos
de quem nos deixamos
lembrarmos da banana com gosto de banana
da tangerina que até a pouco existia
dos abraços dados com os braços
lembrarmos dos que se foram não com choro mas com gosto
de criança viva
lembrarmos que eles
estão em nós como árvores e seus milhares verdes de sonhos
nos ensinaram (as) lições
nos levaram ao circo
nos mostraram o tamanho do amor
de mãe, de pai, de tio, de amigos
o imprevisível, belo e único momento
em que sendo humanos somos o universo completo
com estrelas, cometas, tristezas e incertezas
únicos
para pararmos de correr e sofrer
como tem que ser
sofrer da coragem de continuar a vida
de chorar a despedida

dócil

Fulano,  leia esse poema...

-- Bem escrito, mas é o óbvio, o que todos sabem!

(-- O óbvio?!

-- O que todos sabem?!)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

sabor

qual é a cor do medo?

-- VERMELHO!

-- BRANCO!

(não sei, mas quando souber a pintarei!).

eles e elas

resolvi acabar um poema
em vírgula
e aí me disseram que não podia
(esses mestres
na arte de não escrever...)
amados mestres
o poema é meu
e eu acabo como bem quiser
as regras só servem para levar o que de mais precioso temos
o tempo (de criar)

demãos

então
vamos combinar
não termos razão
isso tira
o peso
será nosso segredo
viver sempre de mãos dadas para a emoção
de não ter razão

sorryso 2

vendedores de nãos
me deixem caminhar com meu sorriso
ele não significa alegria
significa
apenas a paz do entendimento do
difícil caminho da vida

plástico

arco
ácido
pálido
flácido
plácido
marco
macro
lácio
cromático
plástico
máximo

gato

mais para
arco ácido
do que
para
marco plácido
pálido quanto a angústia do fim
sim sei que tudo um dia acabará mas não sei quando e por isso não me escondo e faço e ato
desato pinto bordo e anuncio atencioso quanto aos cios mio

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CONTRA WILLIAM (do livro RASCUNHOS POÉTICOS)



Saiba

Não há superação

O que há é

Bela decisão

De ser quem

Se é

Deixar

De ser

Ou não ser

pulgas

não são palavras
são
significados
versos
são o resto de mim que desaguou
que se misturou ao barro
de notícias sem fim
de augúrios risonhos
de poucos e bonitos sonhos,
ilusão no coração infantil
sinceramente espero
que um dia não precise mais cativar o sol
espero que neguemos a sombra
espero que nos deixamos viver
que não aceitemos nos encolher
e que acreditemos na possibilidade do pulo
no circo da vida

MUNDO CÃO (do livro RASCUNHOS POÉTICOS)



Não me perguntem já não sei mais por que escrevo

no início era zelo pelo que pensava necessitava deixar

tudo registrado mesmo cansado nunca parei como parar

de se investigar? hoje já é um hábito a rotina todo dia me

ensina a continuar não posso não devo parar parar para

quê? Se continuo conversando comigo por essas linhas

me arrepio me rio me desconfio e fio as tramas da minha

história não há cansaço não há mormaço que me faça

deixar de escrevinhar e escrevo quase em apneia essa a

ideia de não respirar não gosto de dicionários não gosto

de rabiscado punk poemas na medida certa da minha

inquietação que é grande como dizem os músicos que não

sabem o tamanho da encrenca não entendem que minha

sina é muito maior do que uma simples canção cantá-la

é possível mas impreciso não preciso de orelhas nesse

mundo cão

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Terra

pequeno jardim
regado a lágrimas
cada pétala
uma pequena palavra
que me identifica
cada grão de terra
uma letra
que mistura minhas incertezas
mas produz beleza
cada cor de flor
veio de uma dor
tão grande
que esse jardim
tem o tamanho do mundo
mas
cabe nas minhas mãos

desVANTAGEM

por que deixamos para nos emocionar na velhice?
será que ficamos mais emotivos pela saudade
ou pelo medo?
por que não envelhecemos logo para aproveitar a desvantagem que está no ar desde nosso nascimento?

Ocre

A Chagall

rósea curva
metalizada em púrpura
esverdeada em absurda
mata
sagrado estorvo
pés em logro
despudoradamente
descobertos
em sexo
terno
ocre dor de amor

sábado, 27 de outubro de 2012

saída

depois de um tempo
três são as emoções para continuar trilhando o caminho
cair de joelhos e tentar perdoar
se isolar e adoecer
descobrir as tintas e pintar uma saída

soslaio

dormi
e acordei velho
ressentido
comigo
pelos sonhos engolidos, esquecidos
e mijados
amarelados
como seu sorriso
ao entender esse poema
apesar de olhá-lo
de lado

sensação

com que mão
pintar
emoção?

a noção da direita é canhestra
a mão esquerda sendo cega...

com que mão
pintar?

como expressar solidão?

de que cor é um não?


Placidamente

Por que Coltrane?!

Poderia responder:

Por que Jobim?

Por que Buarque?

Por que Miles?

Por que Rotko?

Porque Chagall?

Por que Picasso?


porque Plácido

artência

NÃO, NÃO É AZUL
É VERMELHO!
o que me define é o espelho
os cacos quebrados dos segredos guardados
sentimentos de remorsos de atos que não controlei
mas
opinei
(escondido, mas nem tão escondido assim)
e para mim passaram a verdades
(passadas que ardem,
pois não sairam dos meus pés
passadas entristecidos pela perda da ilusão)
não é azul que define a dor em que quero sofrer
é vermelho labareda de fogueira que expressa
a ardência que me toma quando parado vejo
que o que resolve é o movimento
por mim entendido como sofrimento
mas que nas mãos de outros é arte

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

meses humanos

em julho envelheci mais um ano
que não começou em janeiro
em muitos fevereiros e marços
emburrei porque nunca gostei de carnaval
em abril abri
um novo livro que não li
em maio vi sábios casarem
juntos em junho se separarem
o que ocasionou um agosto sem tempo
setembro é só um mês antes
de tudoutubro
que antecipa a preguiça que dá de pensar
nos planos planos
de fim de ano
para o próximo ano
tudo recomeçar

Cut-Outs

quando Matisse fez as agora famosas cut-outs cortou pedaços de sua certeza e misturou às tintas necessidades diárias de arte em doses alopáticas de saudade cortava cortava se cortava porque precisava expor impor dispor supor continuar fazendo aquilo que veio ao mundo fazer precisava confirmar que podia continuar extenuado pela doença tinha pelo menos uma crença a arte precisa do artista que inventa vida

OPÇÕES

único animal com consciência do que irá acontecer
o homem
tem esse ônus
e com ele praticamente tem duas opções
praticar a nobre arte
de rezar
ou
fazer arte

peão

enquanto todos lutam
por ter razão
o artista tenta resgatar
a velha emoção
muitas vezes
de um modo equivocado
mas
sem estar errado
já que a cicatriz adquirida
é lida
vista
expelida
e
acaba sendo
chamada
pelos outros
de
obra
de
arte

MIRÓ

qual a emoção de ao subir as escadas do Pompidou ver o tom de azul do quadro BLUE
 de Miró?

sete livros de Poesias depois ainda não estou apto a descrever em palavras

STOP

PAROUTUBRO
PAROUTUDO
PAREDE
PARE
ESPERE
DESESPERE
SUPERE
ENTERRE

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sir

hoje andei olhando o sol
ele era azul
uma calçada com areia da praia
me falou tanto ao passado
que as passadas inventadas
calaram em mim lágrimas
do mais profundo azul
cor que escolhi ser

Sir

duna

sue
um sorriso
tente sonhá-lo

azul
um blue
cantado
baixo
como um riso
sibilado
o riso possível
duma vida real

SET LIST do show no SOLAR DE BOTAFOGO, dia 06/12/2012

1 – Ainda lembro/Na Estrada (com Renata Rubim)


2 – O Alvo;

3 – Don’t Stop Dancing;

4 -- Sim;

5 – Constelação;

6 – Contra;

7 – Desafios;

8 – Pedra;

9 – À Cecília;

10 -- Brigas;

11 – Crazy;

12 – Cegos;

13 – Minha Alma.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

incêndio

a casca
que me defende
das setas
é explicada pelos nós
formados pelos erros 
acontecidos 
pelos motivos normais da vida
fazer errar e aprender
fazendo uma floresta
do pólen
que escapa dos insetos
que
teoricamente
são inferiores
diante da inteligência humana

árvores

o tempo todo fingimos que o outro não existe

e o tempo todo tratamos os outros como ouro

os outros na verdade são parte de nosso reflexo

se acreditarmos neles ficaremos paralisados ou pelo medo ou pelo desejo da imagem que fazem de nós

e sempre seremos diferentes do retrato que pintam com parte do nosso desconhecimento que realçam
por serem

outros

(e nós por sermos nós somos árvores, com raízes)

revanche

...não adianta
eles
não entendem
falam tanto em perdão
mas
não entendem
que não devem perdoar o outro
devem sim
perdoar o sentimento de vingança
que os preenche

Ivo

(vivo)
vivo?
VIVO!


...vivo...
...vivos?...
vivo
vivos

Eu vivo
Eu vivo!

Eu vivo?

)VIVO(


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

traços poéticos

sendo um quadro
as rimas são
a combinação das tintas?
as linhas dos desenhos são
as palavras escritas?
o senso estético
é o sentimento poético expresso?

VIVA!

...ELE NASCEU!

eu nasci...

cresci

perdi

aqui

em mim

esqueci

lembrei

criei

fui criado

perdoei

fui perdoado

continuei

fui continuado


(ELE MORREU!

morri
mas
não
esqueci
de
viver)

domingo, 21 de outubro de 2012

Dilema 2

num poema acabo fazendo um tradução de uma imagem emocionada
as palavras servem como linhas
que descrevem mais as sombras 
do que o desenho
como irei traduzir uma imagem emocionada em imagens que emocionem?

exclamo

gás

gastar as palavras
deixar pingar das mãos

pensar nos sins
escrever os nãos

não afirmo
por isso

poesio

ção

maçã
assada
esverde
asa

aça
(esposa do aço)
denti
ção
perdi
ção
de
Adão


carlitos

onde estão?
onde está o som?
o dom?
o front?
onde está
aquele cheiro que me explica?
aquele pelo que me excita?
aqueles pensamentos
que são alimentos?

aquele queixo é meu?
aqueles olhos são seus?
aquele caminhar separado
foi que nos juntou?