Sou Goya!
O inimigo planando sobre a planície sombria
arrancou-me os olhos das órbitas.
Sou a angústia
Sou o grito de guerra
a cinza das cidades sobre a neve
de mil novecentos e quuarenta e um.
Sou a fome
Sou a garganta da mulher enforcada,
sino que bate com o corpo
na praça deserta.
Sou Goya!
Ó vinhas
da ira! Atirei, numa salva, na direção do Ocidente,
as cinzas do intruso
e, num céu de memória, plantei estrelas duras
como pregos.
Sou Goya!
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