para I. Lavriêntevaia
A sineta do trem suspira, derrama poucas lágrimas,
mito inatingível.
O brilho de um fósforo tremula entre as grades da prisão,
o mundo inteiro desaparece.
A sineta cria asas, flutua dentro da noite.
Adejar entre os trilhos
como notas de música. Oh, como hei de te alcançar,
chuvosa plataforma da estação!
esquecida, insone, abandonada,
abandona e sem mim --
farrapos de nuvens como cartas descem a correnteza
até o concreto em que habitas
e, deixando uma trilha ao longo dos charcos
de paradas, foices, caudas,
como claves de sol ressoam acompanhando
o trem que partiu.
#
Alguém telefona, liga para mim à noite.
Alguém quer ouvir a minha voz, mas ele próprio
refugiou-se no bocal, sem um só suspiro,
com a alma comprimida entre o ombro e a orelha...
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