quarta-feira, 31 de outubro de 2012

MUNDO CÃO (do livro RASCUNHOS POÉTICOS)



Não me perguntem já não sei mais por que escrevo

no início era zelo pelo que pensava necessitava deixar

tudo registrado mesmo cansado nunca parei como parar

de se investigar? hoje já é um hábito a rotina todo dia me

ensina a continuar não posso não devo parar parar para

quê? Se continuo conversando comigo por essas linhas

me arrepio me rio me desconfio e fio as tramas da minha

história não há cansaço não há mormaço que me faça

deixar de escrevinhar e escrevo quase em apneia essa a

ideia de não respirar não gosto de dicionários não gosto

de rabiscado punk poemas na medida certa da minha

inquietação que é grande como dizem os músicos que não

sabem o tamanho da encrenca não entendem que minha

sina é muito maior do que uma simples canção cantá-la

é possível mas impreciso não preciso de orelhas nesse

mundo cão

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