quarta-feira, 22 de junho de 2011

MATISSE E PICASSO (4)

"...é preciso notar que o diálogo aqui tratado é, antes de tudo, um diálogo entre obras de arte e não entre indivíduos que as produziram. E, tanto as obras de arte quanto nas conversas da vida cotidiana, uma não-resposta também é uma forma de resposta: durante muitos períodos Matisse e Picasso parecem ignorar completamente um ao outro -- a até de maneira agressiva."

"(...) E o que acontece com a incompreensão? Se é evidente que, a longo prazo, toda interação passa por mal-entendidos ocasionais, o que dizer da incompreensão intencional (...) --- que harold Bloom chama de misprision, isto é, menosprezo?"

Num conceito psicanalítico, "o filho deve matar o pai", ou seja, o poeta novo normalmente utiliza-se de uma estratégia de incompreensão. Uma "leitura autoritária", má leitura (misreading), erro fundamentla de interpretação , proposital, na base da relação que todo grande poeta (ou artista) mantém com a obra de seus predecessores. Esse mal-entendido inicial com os rivais passados é a precondição da grandeza de um poeta: é o que eventualmente dá possibilidade ao poeta de se libertar da "angústia da influência".

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