"DA PUREZA
Não é o teu olhar de lua e verde
ou teu aire de sal e de presságio;
nem o sorriso, fonte de clareiras,
a dissipar as insuspeitas mágoas;
nem o silêncio, cão alerta à mágica
das palavras, do gesto e do segredo,
e não trazes gravado sobre a face
o que me atrai (talvez nem o percebas)
e prende como um imã: é essa pureza
intrínseca e perfeita que te resta
e me devolve os sóis de que careço.
É tua pureza idêntica a uma réstia
a trespassar meu ser, e em ti me vejo
no que sou de memória e descoberta".
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